do fictício ao real. o último domingo trouxe o mais recente
episódio nas disputas de josé mourinho com os seus jogadores, e logo em pleno
relvado, perante os adeptos do clube.
durante a primeira parte, o que se viu foi um treinador a levantar-se
várias vezes do banco de suplentes. gesticula, gritava e tornava evidente o
seu desagrado. o alvo era apenas um: mesut özil, o alemão que nas últimos duas
épocas foi o ‘cérebro’ do jogo da equipa, mas que esta temporada tem sido um
dos que acolhem as críticas do técnico.
como tal, mourinho substitui-o ao intervalo. a decisão
abalou o balneário. o el país,
citando mas não identificando fontes do clube, colocou sérgio ramos como um dos
mais indignados numa discussão que se terá gerado com o treinador, e que até
levou mourinho a voltar mais cedo para o relvado.
desafio ou provocação?
para a segunda parte, o internacional espanhol decidiu vestir a camisola de
özil por baixo da sua, para a mostrar caso conseguisse marcar um golo, na
partida com o deportivo da corunha. e esteve perto disso.
a polémica foi reforçada com a capa do desportivo marca no dia seguinte, que evidenciou o
número 10, de özil, a notar-se por baixo do ‘4’ que ostenta ramos. foi o último
dos mais recentes desafios que o espanhol atirou para mourinho responder.
tudo começou há duas semanas. encontro grande no santiago
bernabéu, o real madrid recebia o novo-rico manchester city. na defesa faltava
sérgio ramos, uma surpresa que deu espaço ao jovem varane. no final, vitória
por 3-2 arrancada nos derradeiros minutos. dias antes, mourinho dissera que
«ramos era o melhor central da equipa quando estava bem».
o defesa não respondeu, mas espicaçou: «não estou aqui para
entrar em debates com o treinador, não valorizo críticas nem elogios, a minha
mentalidade foi o que me trouxe aqui, e assim vou continuar».
no encontro seguinte seria titular, na vitória forasteira em
casa do rayo vallecano. tempo para mais um disparo – «as coisas de família
resolvem-se em casa (…) e se há algo de que não gosto, por que vou ter de me
calar?».
tréguas
no último domingo, de novo ramos a titular. aqui, surgiram os rumores. a
imprensa espanhola defendeu que, durante toda a semana de treinos anterior ao jogo,
mourinho colocara essien no lado direito da defesa titular, mas uma lesão do
ganês terá ‘obrigado’ o treinador a optar por ramos no seu lugar.
face ao episódio da camisola, a direcção do real madrid,
pela voz de florentino pérez, o seu presidente, terá apelado a ramos
que endereçasse um pedido de desculpas a mourinho e à restante equipa. em causa
estava a estabilidade do clube, numa semana de jogo fora na liga dos campeões –
hoje, contra o ajax de amesterdão -, e de visita a camp nou para novo clássico
com o barcelona.
só assim, alegadamente, é que o espanhol publicou um
esclarecimento na sua conta de twitter.
«mesut é um grande amigo e já lhe tinha dito há muito
que lhe dedicaria o meu primeiro golo da temporada. assim, aproveitei a sua
substituição, vesti a sua camisola e confiei que iria marcar, nada mais. por
outro lado, a minha relação com mourinho é boa, honesta e clara. respeito as
suas decisões e para mim é o melhor treinador», escreveu.
o espanhol deu uma ajuda, mas de pouco serviu para o
português, que reagiu apenas ao dizer que a sua relação com o jogador «era pior
da que [tem] com a [sua] mulher, e melhor comparada com a relação com uma
pessoa com quem não trabalha».
esta quarta-feira, a imprensa desportiva espanhola voltou a
fixar-se no caso, sobretudo a ‘dedicada’ ao real madrid (as e marca). nas suas
capas falou-se na alegada reconciliação entre ramos e mourinho, no último
treino antes da partida de amesterdão.
aí se verá se o espanhol será, de novo, titular. nada
esclarecerá em definitivo, mas, pelo menos, dará algumas pistas.
(artigo corrigido às 18h32.)