1-0 para Romney no primeiro frente-a-frente

Ao que tudo indica, é generalizada a sensação de que foi o republicano Mitt Romney o grande vencedor do debate de ontem à noite, que inaugurou a contagem decrescente para as eleições presidenciais norte-americanas. Obama apareceu cauteloso, ainda que comprometido na sua função, mas Romney mostrou-se combativo, desafiador e decidido a resgatar a sua campanha,…

foi o primeiro round de uma série de três. por enquanto, nada parece perdido para o actual presidente. mas é melhor que se apresse e que mude a estratégia adoptada ontem, em denver. terminado o duelo televisivo, quase toda a imprensa norte-americana e internacional dava vitória ao advsersário. 

o washington post é peremptório: fala num «romney rejuvenescido» e em como os republicanos encontraram «finalmente» a sua voz em questões centrais da campanha. também o new york times destaca como «mitt romney pressionou agressivamente o presidente obama sobre a economia, o emprego e os cuidados de saúde», e a imprensa da casa, o denver post, destaca como romney «sobressaiu» no duelo.

a cnn começou por falar num empate, mas na página online da cadeia televisiva são hoje apresentados cinco pontos a reter depois do debate de ontem. vendo bem, a análise não foge muito à regra: «romney vence por definir o tom» do confronto e por adoptar uma «linguagem corporal» mais convincente. já obama, «perde oportunidades» e peca por «olhar frequentemente para baixo».

a economia foi, sem dúvida, a questão central do debate. no que diz respeito aos impostos – tema onde, segundo as sondagens, os americanos preferem obama – romney esforçou-se por conquistar votos ao mostrar-se acérrimo defensor da classe média, que, diz, tem sido «esmagada» nos últimos quatro anos.

uma análise em 5 pontos:

no primeiro ponto, a cnn descreve como os primeiros 30 minutos foram decisivos para o republicano traçar o «tom» do discurso e desenhar o caminho do debate. romney mostrou-se confiante e fluente nos vários assuntos, oscilando entre as críticas ao presidente e o delinear, «ainda que vago», das suas ideias sobre impostos e défice. barack obama, por outro lado, pareceu «instável» – lento nas respostas, seco e cauteloso.

no segundo ponto, destaca-se como o candidato visitante pareceu presidente ao lado de obama: «romney levou a sua adiante frente ao presidente dos eua, e para um republicano que está no lugar de desafiador isso é muito bom», escreve um comentador político.

terceira ideia a reter: obama desperdiçou a oportunidade de confrontar romney sobre as polémicas declarações (gravadas à revelia) que marcaram as últimas semanas, onde o republicano dizia que não se preocupava com 47% dos eleitores que votavam, independentemente de tudo, em obama. e as oportunidades de o confrontar sobre o seu elitismo e de pedir explicações concretas sobre o seu plano de impostos, também foram desperdiçadas.

na quarta questão, a cnn passa em revista a linguagem corporal dos dois candidatos. quando falava, romney olhava directamente para obama, enquanto o presidente olhava frequentemnete para as câmaras ou para o moderador. e quando o adversário falava, o olhar de obama teimava em cair muitas vezes para baixo.

quinta e última ideia: romney precisava de uma prestação brilhante no primeiro frente-a-frente para dar uma reviravolta ao jogo. e conseguiu-a.

depois dos aplausos e cumprimentos finais, os candidatos e respectivas equipas abandonaram o palco. e apesar de a equipa democrata fazer uma análise diferente da maioria, reforçando como romney esteve «na defesa a noite toda», uma deixou o estúdio com um sorriso notório nos lábios. a outra, nem um esboço.

rita.dinis@sol.pt