J.Lo: A diva latina [fotos do concerto em Lisboa

Jennifer Lopez não pára: entre três casamentos, dois filhos, linhas de roupa e perfumes, foi júri do American Idol, lançou sete álbuns de estúdio, protagonizou uma dezena de filmes. Agora fez-se à estrada eamanhã actua pela primeira vez em Portugal.

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o sorriso afectuoso de jennifer lopez contrasta com a imagem que os media insistem em passar: que é uma das divas mais exigentes de hollywood. da extensa lista de vontades que lhe é atribuída fazem parte que lhe mexam o café no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, que os empregados não lhe falem ou a olhem nos olhos, que as paredes dos quartos de hotel e camarins estejam forradas a lençóis brancos, que todos os sítios onde vá tenham velas brancas aromáticas e flores brancas, que os seus seguranças possam vasculhar os restaurantes onde vai em busca de eventuais ameaças ou contrariedades.

verdadeiras ou não, certo é que jennifer lopez atingiu um estatuto que lhe permite fazer tantas demandas quantas quiser. com 70 milhões de discos vendidos, j.lo é uma das artistas pop mais bem-sucedidas da actualidade. hoje, pela primeira vez, portugal assiste ao vivo ao espectáculo da grande diva latina mundial. a cantora sobe ao palco do pavilhão atlântico na sua primeira tournée mundial: dance again.

estranho é que tenha sido precisamente agora que a artista tenha decidido embarcar, pela primeira vez, numa tournée. é que, se as mudanças na indústria obrigaram os cantores a sair do estúdio e ir para a estrada, em busca de rendimentos devido à quebra na venda de discos, jennifer lopez goza de uma extraordinária saúde financeira. em maio, a revista forbes não só a elegeu como a pessoa mais poderosa do mundo do entretenimento (à frente de oprah ou lady gaga), como estimou que, entre maio de 2011 e maio de 2012, lopez tenha somado à sua conta bancária 40 milhões de euros. nada mau para um ano de crise.

mas como chegou a tais números jennifer lopez que, há pouco tempo, parecia ter a sua carreira estagnada?

de ascendência porto-riquenha, a cantora nasceu em nova iorque há 43 anos. começou a sua carreira como bailarina, de onde seguiu para o cinema. foi em selena (1997) que deu nas vistas, tendo sido nomeada para um globo de ouro. os filmes sucederam-se. entre muitos outros, protagonizou out of sight, de steven soderbergh(1998), onde contracenou com george clooney, e uma vida inacabada, de lasse hallström, com morgan freeman e robert redford.

mas foi na música que lopez mais se destacou. em 1999 lançou on the 6, o seu primeiro álbum de estúdio, com canções como ‘if you had my love’, ‘let’s get loud’ e ‘waiting for tonight’, sucessos mundiais mediatos. seguiu-se, em 2001, j.lo, que entrou para o top da billboard, com temas como ‘love don’t cost a thing’ e ‘i’m real’.

só dez anos depois j.lo voltou ao sucesso de 2001, com o lançamento de love?, álbum que contém um dos temas mais rentáveis de toda a sua carreira, ‘on the floor’.

não se tratou de uma coincidência. 2011 foi o ano de mudança na sua carreira. jennifer entrou pelas casas de milhões de pessoas ao tornar-se, com steven tyler (aerosmith), membro do júri de american idol, um dos programas de televisão com maior audiência nos eua. sempre de sorriso pronto, mostrando uma enorme empatia pelos concorrentes, chorando até quando alguns eram expulsos, lopez conquistou o coração de pessoas de todo o mundo (o programa é transmitido no canal fox do cabo). entre a sua beleza – foi eleita, pela revista people, no mesmo ano, como a mulher mais bonita do mundo –, carisma, simpatia, e sentido de moda – a sua roupa era debatida à exaustão nos blogues de moda –, tornou-se o membro do júri mais falado. e a sua carreira disparou.

foi capa de inúmeras revistas, vendeu milhões de álbuns, lançou uma linha de roupa. e, tendo abandonado a série depois de duas temporadas (será agora substituída pela cantora mariah_carey, alegadamente por exigir um cachet demasiado elevado), está agora na estrada a multiplicar os seus milhões.

uma mãe trabalhadora

casada por três vezes, se há coisa que dá que falar em lopez é a sua vida pessoal. depois do casamento com o actor cubano ojani noa e com o bailarino cris judd, de um romance de dois anos com puff daddy e de um mediático noivado com ben affleck (os tablóides chamavam-lhes bennifer, sendo o primeiro casal a ter direito a um nome híbrido), que lhe ofereceu um anel de diamantes cor-de-rosa de 1,2 milhões de dólares, lopez casou, em 2004, com marc anthony, com quem teve dois filhos.

durante os anos em que o seu trabalho abrandou, o casamento durou. mas, em julho de 2011, quando jennifer estava de novo sob os holofotes, o casamento acabou. como tantos outros, também o de lopez não resistiu à saída da mulher para o mercado de trabalho. «tivemos os primeiros três anos de casamento só para nós. eu não trabalhava, tudo girava em torno dele. depois engravidámos. e tudo girava em torno dos miúdos. e depois comecei de novo a trabalhar», confidenciou à revista vanity fair. coincidência ou não, o fim do casamento deu-se também depois de ojani noa ameaçar divulgar vídeos de sexo entre os dois.

mas jennifer mostra-se uma verdadeira romântica e não desiste. já voltou às capas das revistas do coração devido ao seu romance com o bailarino casper smart. talvez à quarta seja de vez.

amores à parte, nos últimos tempos parece dedicar-se quase exclusivamente ao trabalho. entre as duas temporadas de ídolos, o novo disco e a tournée, protagonizou os filmes o que se espera enquanto se está à espera (2012) e parker (que ainda não se estreou), dá a cara por marcas como l’óreal e gillettevénus, tem uma gama de perfumes (que, desde 2002, já lhe rendeu mais de mil milhões de dólares). a esta luz, as exigências de diva não serão assim tão estranhas.

aliás, ao que parece, nem são feitas pela própria, mas pelo seu agente, o famoso benny medina. «o benny sempre fez questão de que tudo estivesse bem para mim porque trabalhamos que nem loucos. qualquer outra estrela faz a mesma coisa», afirmou à vanity fair. por que tem jennifer lopez, então, uma das piores reputações no ramo? «talvez por ser bem-sucedida, talvez por ser mulher, não sei. mas não me dou ares. trabalho muito. ser uma diva ou materialista é uma falsa percepção. não sou isso. só adoro rodear-me de coisas belas. isso pode ter potencial para me dar um ar egoísta ou decadente? talvez».

rita.s.freire@sol.pt