o relatório inclui os testemunhos de 26 pessoas que, entre
1998 e 2005, colaboraram com a us postal
e a discovery channel, equipas que
armstrong representou durante esse período. no lote estão incluídos nomes como
george hincapie, floyd landis e tyler hamilton – que já em 2011 tinha acusado o
norte-americano de recorrer a substâncias dopantes.
além dos testemunhos, o relatório baseia-se igualmente em
testes de laboratório, emails e registos financeiros descritas pela usada como
«incríveis, conclusivos e inegáveis». as acusações de hamilton tinham já
manchado uma manta de reputação que, agora, poderá ser rasgada de vez.
hoje, aos 41 anos, o nome de armstrong «torna difícil que
qualquer pessoa confie no ciclismo». as palavras são de dave brailsford,
director da federação de ciclismo britânica e chefe da equipa sky. «agora, é
compreensível que olhem para os resultados do ciclismo e os questionem»,
explicou à bbc, referindo-se ao
norte-americano como «um dos que conseguiu transcender o desporto e tornar-se
num herói para lá do ciclismo».
em sete edições seguidas da volta à frança, prova mais
importante, mediática e reconhecida como a mais árdua no circuito internacional
de ciclismo, lance armstrong foi o vencedor. nas etapas de montanha, o
norte-americano superava sempre a concorrência, empurrando as pernas com forças
que surpreendiam até os seus colegas de profissão.
no relatório da usada, lê-se que o antigo ciclista terá
recorrido a substâncias como a epo – que aumenta o número de glóbulos vermelhos
no sangue -, testosterona e transfusões de sangue. porém, armstrong terá obrigado
os seus colegas de equipa a recorreram às mesmas substâncias.
a agência falou ainda em alegados informadores que a us
postal e discovery channel teriam, e que alertavam os responsáveis das equipas
para a realização de testes anti-doping surpresa durante as provas em que
participavam.
«não era suficiente o facto de os seus colegas darem o
máximo na bicicleta, ele também exigia que aderissem ao programa de doping que
estava delineado, ou seriam substituídos [na equipa]», escreve.
em suma, uma das conclusões do relatório sublinha que «além
de fazer parte da cultura de doping na sua equipa, [armstrong] forçava-a e
reforçava-a (…) para atingir as suas ambições, através de uma extensa fraude,
que fica agora mais exposta».
o relatório já foi enviado para a agência mundial de
anti-doping, a corporação mundial de triatlo – desporto no qual armstrong hoje
compete – e a união internacional de ciclismo (uic), que terá 21 dias para
decidir se vai aplicar a sanção sugerida pela usada: de retirar todos os títulos
conquistados por armstrong desde 1 de agosto de 1998, ou seja, as sete
conquistas da volta à frança.
armstrong não se vai
defender
em finais de agosto, perante as acusações de que já era alvo por parte da
usada, o norte-americano revelara que não iria contestar as acusações em
tribunal.
esta quinta-feira, porém, o seu advogado, sean breen,
classificou-se as conclusões do relatório de «alegações sem credibilidade
baseadas largamente em testemunhos coercivos, arranjos e histórias assentes em
ameaças», antes de atirar que o ex-ciclista «chegou à conclusão que tem muitas
outras coisas positivas que tem que alcançar na sua vida».
e acrescentou: «passar uma década a defender-se em tribunal e
pagar a advogados não era uma delas».
de facto, a única reacção de lance armstrong ao relatório
chegou na sua conta oficial de twitter, onde afirmou, na quarta-feira, mesmo
dia em que foi divulgado o relatório, que «à noite ia relaxar com a família,
sem pensar ou ser afectado por isto».