a selecção nacional rápido se apercebeu do frio que a
rodeava em moscovo. a equipa russa cedo fez questão de apertar esse cerco.
ruben micael falha um passe. bola recolhida pelos russos,
que precisaram apenas de acertar três passes para isolar kerzhakov diante de
rui patrício. a rússia estava a vencer por 1-0 logo aos seis minutos da
partida.
aqui estava a primeira marca de outra frieza, a que um
italiano quis reforçar nesta selecção do leste: a atacar, a bola tem que chegar
rápido à frente, e é para lá que tem de circular. a rússia é hoje uma selecção
mais rápida e vertical nos seus passes e trocas de bola.
a fria influência de capello
a primeira parte mostrou a influência de fabio
capello no terceiro jogo leme desta selecção.
a equipa deixou de querer
tanto a bola, é verdade, mas quando a tem, usa-a para progredir em frente, com
um objectivo vertical, de procurar espaços em direcção à baliza adversária e
não tanto para os lados, como tanto fazia durante o europeu, sob comando do
holandês dick advocaat.
a defender, também está mais cerrada. a prioridade dos
russos era fechar os espaços ao centro, recuando os extremos – a equipa está
montada em 4x3x3 –, passando a defender com cinco jogadores à frente da defesa,
permitindo aos três do centro do meio unirem-se mais e fecharem os espaços
entre si.
tal obrigou a que portugal só encontrasse espaços quando progredia
com a bola pelas alas, ou quando a conseguia rodar, rapidamente, de um flanco
para outro. assim se viram muitos cruzamentos, principalmente de nani, à
direita. joão pereira e fábio coentrão (até aos 20 minutos, quando
saiu lesionado), e depois miguel lopes, tinham espaço para passar a linha do
meio campo e tentar criar situações de superioridade numérica no ataque.
pelo meio era difícil. ruben micael mal se via, escondido
entre as marcações de denisov ou shirokov, e joão moutinho tinha que recuar
para junto de miguel veloso, ou colar-se a uma das faixas laterais, para
conseguir receber a bola. portanto, tinha que se movimentar muito e
desgastar-se ainda mais.
mas foi a partir de cantos que a selecção mais oportunidades
criou, com bruno alves, por duas vezes, uma de cabeça e outra com o pé direito,
a conseguir rematar à baliza russa. cristiano ronaldo, na esquerda, também
atirou um remate que akinfeev defendeu para canto.
a rússia, a atacar, só aparecia em contra ataque. assim que
recuperava a bola, notavam-se as ordens que teria para lançar passes rápidos
para os homens nas alas, hoje bystrov e fazulyn, suplentes no zenit de são
petersburgo, mas com a velocidade nas pernas que dão a rapidez que capello
parece querer incutir às acções da equipa. até no meio, à frente de denisov-shirokov, estava kokorin, habitualmente um extremo, para ter mais um par de pernas rápidas nas saídas para o ataque.
mais bola, menos espaço
para a segunda parte, capello mandou a sua equipa recuar. os russos juntaram linhas e passaram a defender mais atrás no seu meio campo, mais junto à sua grande área.
a selecção passou a ter mais posse de bola. já não se viam jogadores russos a pressionar e tentar roubá-la no meio campo português e, assim, veloso e moutinho tinham mais tempo para a fazer circular. mas só até cerca de 20 metros da área russa.
a partir daí, houve pouco espaço. os russos aproximaram-se entre si, juntaram linhas e cerraram os buracos que poderiam existir entre si. portugal ia tentando furar por entre o muro russo, mas criou uma jogada que terá assustado akinfeev, aos 58 minutos, num cruzamento de joão pereira que um defesa russo cortou antes que ronaldo conseguisse rematar.
a única defesa da segunda parte seria mesmo de rui patrício, quando o guarda-redes português parou um remate vindo dos pés de kokorin.
o encontro terminou com a estatística a mostrar 78% de posse de bola para a selecção portuguesa. de pouco serviu esta vantagem. olhando para outros números, e com esta vitória, a rússia separa-se de portugal e passa a liderar o grupo de apuramento para o mundial de 2014 com nove pontos, mais três que a selecção de paulo bento.
(artigo em actualização.)