as mais recentes estimativas revelaram que a economia do
país deverá ‘encolher’ 6,5% este ano, um valor superior ao inicialmente
previsto. ontem, quinta-feira, soube-se que, em julho, a taxa de desemprego no
país atingiu os 25,1% – superando os 50% entre os mais jovens.
o executivo helénico, pela cara de antonis samaras,
primeiro-ministro e líder dos conservadores da nova democracia (nd), e ladeado
por evangelos venizelos, líder dos socialistas do pasok, um dos seus parceiros
de coligação, apelaram esta semana a que seja alargado o prazo para a grécia
cumprir os seus compromissos com a ‘troika’ – ue, bce e fmi.
em suma, a grécia propôs que as metas que lhe foram impostas
aquando do segundo resgate financeiro que lhe foi prestado – em março, no valor
de 130 mil milhões de euros -, possam ser executadas até 2016, ao invés de
2014.
tal significaria que o país continuaria a receber as fatias
de ajuda financeira da ‘troika’ por mais dois anos, e porventura aliviar a
intensidade dos cortes que o governo tem impostos com as medidas de austeridade
que tem, e terá, que aplicar.
um dessas metas queria colocar, em 2020, a dívida em relação
ao pib (produto interno bruto), nos 120%. mas o the guardian escreveu que em bruxelas, na sede da comissão europeia,
estima-se que daqui a oito anos, tendo em conta o actual panorama da economia
grega, o valor fique entre os 130 e os 145%.
sem a ajuda europeia, a grécia não conseguirá subsistir por
si só.
a razão, colocada em termos sucintos, é simples – o país já
só sobrevive à custa das tranches do pacote de ajuda que lhe vão sendo enviadas
pela ‘troika’. ou seja, com o dinheiro que lhe está a ser emprestado. se não
receber a próxima fatia, de 30 milhões de euros, em novembro, a grécia entrar
em bancarrota.
ora, mais ajuda externa significará, necessariamente, mais
cortes a serem executados pelo governo de samaras.
ontem, de acordo com a versão inglesa do kathimerini, a ‘troika’ terá pedido ao
executivo helénico que começa a redigir já medidas para serem aplicadas em 2015
e 2016, caso seja alargado o plano de resgate financeira ao país.
mais cortes e mais austeridades vão trazer, necessariamente,
mais descontentamento social, mesmo que sejam executados com maior suavidade –
caso se prolongue o prazo até 2016. contudo, por agora, o governo aceitou
aplicar 9 mil milhões de euros em austeridade só em 2013, mais 1,2 mil milhões
em relação ao originalmente planeado para o seu orçamento do estado para o
próximo ano.
fmi ‘grego’ mas
alemanha intransigente
o fmi está do lado da grécia. o the
guardian escreve que o organismo, liderado por christine lagarde, estará a
pressionar o bce, um dos parceiros da chamada ‘troika’, e a zona euro, para que
ponderem uma renegociação da ajuda financeira à grécia, ou até um perdão de
dívida – tal como aconteceu em março.
«são precisos mais dois anos para o país conseguir cumprir o
programa de consolidação orçamental a que se propõe», defendeu a líder do fmi, ao
explicar que «por vezes é melhor ter um pouco mais de tempo», pois «também há
uma preocupação pelo crescimento, pela criação de trabalho» nas políticas de
«consolidação fiscal» para a grécia.
porém, este tempo choca contra um muro de oposição alemão.
e a voz de wolfgang schaeuble foi contundente: «temos que
nos manter com o que foi anunciado e implementá-lo passo a passo».
o ministro das finanças germânico lembrou que «é muito
importante [criar] um crescimento sustentado para que os investidores e
consumidores tenham mais confiança», no país.
por esta altura, contudo, a grécia pensará mais em
sobreviver.
(artigo em actualização.)