Vandalismo na Tate Modern

Graças ao iPhone, ao Twitter e a um espectador boquiaberto, pouco antes das 15h30 de domingo passado na Tate Modern, ficámos a saber pouco depois do sucedido que o quadro ‘Black on Maroon’, de Mark Rothko, foi vandalizado.

tim wright twittou a imagem com a mesma perplexidade de quem acabou de assistir a um crime. foi ele que avisou a segurança do museu do que se tinha passado. parece evidente que a crise chegou à tate modern. o criminoso é um ‘artista’ russo que se diz admirador de rothko, e que escreveu na tela a tinta preta: ‘vladimir umanets, uma peça potencial de amarelismo’. pelo pouco que entendo do manifesto obscuro na internet, o yellowism pretende reduzir as interpretações da obra de arte a uma só. o movimento baralhado aposta na notoriedade que os seus dois elementos acreditam vir a ter no futuro. a sua assinatura nas obras alheias constituirá uma mais-valia para as mesmas. é prender estes dois senhores e deitar fora a chave.

vrrum, vrrum

a publicação da nova edição do famoso manual de diagnóstico de doenças psiquiátricas, o dsm-v, continua a dar que falar. apesar de estar prevista para maio de 2013, podemos já entrar em pânico com as novidades. por exemplo, a adhd (attention deficit hyperactivity disorder) era uma doença de crianças incapazes de se concentrar. a partir de maio, é provável que seja também de adultos. os sintomas são fáceis de detectar: distrair-se no trabalho ou em conversas; não fixar certos pormenores na interacção com outras pessoas; não cumprir datas de entrega; distrair-se com divagações ou pensamentos menos adequados; ser desorganizado, desarrumado; esquecer as chaves do carro, de casa, óculos, carteira, telemóveis, etc. enfim, viver passará a ser sinónimo de adhd. o curioso é o tratamento para a ‘doença’ ser à base de anfetaminas. e como esta perturbação mental é crónica, vamos passar a viver num mundo de gente acelerada.

direito à mentira

li um artigo interessante no the washington post a propósito do que acontece no nosso país e em qualquer democracia, em que os políticos não cumprem promessas eleitorais, escondem a verdade e todos esses esquemas dos quais estamos fartinhos. segundo um trabalho feito por um reputado jurista, richard l. hasen, a constituição americana protege a mentira e o estado não tem meios legais para castigar ou censurar uma campanha ou um discurso repleto de afirmações mentirosas. hansen defende que a única alternativa é desmascarar as mentiras dos outros. a solução extrajudicial chama-se ‘counterspeech’ ou ‘discurso de exposição da mentira’ e foi defendida pelo juiz anthony kennedy num caso que aqui referi há tempos sobre xavier alvarez, que mentiu sobre ter sido condecorado com a medalha de honra. a solução seria mostrar a lista dos condecorados. é uma ideia a aplicar nas campanhas, sobretudo porque requer políticos com o mínimo de telhados e armários.

subir na vida

as chinesas não gostam da pele da cara bronzeada, porque acham que ficam com aspecto de mulher do campo. as nigerianas estão cada vez mais a usar produtos para branquear a pele. uma cara pálida sugere que se trabalha num escritório com ar condicionado. a prática nada tem de invulgar. na europa, é habitual vermos mulheres muito bronzeadas com os primeiros raios de sol. é uma prova de que não trabalham num escritório, ou mesmo de que não trabalham de todo, independentemente do estado da economia do país. mas tal como o problema dos dias de praia e sol é o temido melanoma, as nigerianas e outras mulheres que usam métodos de branqueamento da pele arriscam-se a ter problemas nos rins. os produtos são, na sua grande maioria, nocivos e o seu controlo ainda é insuficiente. é por estas e por outras que aconselho as mulheres que queiram exibir um certo modo de vida a investir em sapatos. o pior que pode acontecer é resolvido com uma mudança de par.

descansar bem

como bem sabem os ‘seriófilos’, há séries de televisão para ver antes de adormecer, outras para descansar à tarde e ainda outras para substituir os noticiários. nenhuma das séries do meio é particularmente estimulante (como as que substituem os noticiários), mas servem com muita qualidade um propósito que não pode ser desprezado: o descanso. destas séries fazem parte dci banks, na fox crime, com o detective menos carismático de sempre, whitechapel, no axn black, uma nova tentativa ficcional de apanhar jack, o estripador e marchlands, no mov, que chegou ao fim na semana passada e é a mais original das mencionadas, com uma história contada em três épocas sobre a morte inexplicável de uma menina numa casa habitada por três famílias diferentes. as características em comum são a solidez da narrativa, as interpretações e a realização competentes. parece fácil, mas não é. se fosse, seria possível fazer qualquer coisa vagamente parecida em portugal.