Mourinho e os ‘madridistas’ disfarçados

Com um gosto comum, que recai sobre um mesmo clube, todos os adeptos, a olhos estranhos, serão iguais. Para José Mourinho, treinador do Real Madrid, quanto mais conhece o clube mais considera que há adeptos «disfarçados» ou, diga-se, «madridistas», usando a expressão pela qual são conhecidos.

mais umas palavras e mais uma farpa lançada: «o madridista
de rua, no geral, gosta de mim». estes pensamentos, expressou-os o técnico
português em entrevista ao canal de televisão do real madrid, filmado em pleno
gabinete, na sua sala do estádio, onde tudo pensa.

é lá que às questões atiradas responde com a habitual
acalmia no timbre mas assertividade nas palavras. agora, o seu papel na
história ‘merengue’ – outra alcunha, agora para o clube. «na história do real
madrid não sou nada, ou muito pouco», assegura, antes de nova farpa: «mas sinto
profundamente que há conceitos que se venderam de maneira errada. todos os
jogadores do real madrid devem morrer em campo».

aqui, não lembrou mas aludiu ao que se passou no início da
época. nos primeiros jogos, com duas derrotas nos terrenos do getafe e do
sevilha pelo meio, mourinho criticou, sem especificar nomes, que vários
jogadores da equipa não se esforçavam tudo quanto podiam em campo.

«era eu que tinha de combater isso (…), mas agora a equipa
já está preparada para perder poucas vezes», garantiu, ainda antes de não
admitir que «a sua equipa» não queira «conquistar todas as competições» que
está a disputar – esta época, são quatro: campeonato, copa do rey, mundial de
clubes e liga dos campeões.

nesta última, também apelidada de ‘liga milionária’, o
português considerou que a equipa está a registar uma prestação «impecável».
até agora, duas vitórias (manchester city, em casa, e ajax, em amesterdão) no
par de encontros já realizados.

tempo houve ainda para recados, desta feita à comunicação
social.

«aceito as críticas desportivos, [são] uma opinião diferente
da minha, é normal e respeito-o. se entram no campo pessoal, eu e a minha
família decidimos que basta, e no mínimo recorreremos aos tribunais», atirou,
explicando que «tem uma mulher e filhos que sofrem com coisas que não têm razão
de ser».

diogo.pombo@sol.pt