a partida começou como tantas outras – dividida, sem um domínio claro de qualquer uma das equipas. mas esta tradição durou apenas até ao oitavo minuto. sporting a circular a bola na esquerda, troca de passes curtos entre diego capel e rinaudo, com o argentino a movimentar-se, pegar na bola, avançar um pouco e arriscar o remate.
o risco deu frutos e, com uma ajuda de ricardo, guarda-redes do moreirense, os leões madrugavam e chegavam cedo à vantagem no marcador.
depois viu-se um sporting um pouco melhor, mas nem sempre a conseguir esconder os defeitos que esta época tem arrastado consigo: lento a circular a bola, previsível a construir lances de ataque e pouco pressionante no momento em que o adversário tem a bola.
o moreirense demorou a entender isto, que este sporting, apesar do bom início, era a equipa frágil que tem vindo a apresentar. só o entenderia na segunda parte. ainda assim, pelo meio, ghilas ainda conseguiu rematar à barra da baliza de rui patrício.
até lá, os leões aproveitavam a apatia da equipa da casa e, das tímidas vezes que aceleravam, conseguia encontrar espaços nas alas, para depois enviarem cruzamentos para a área. porém, apenas um deles criou perigo, quando jéffren cabeceou uma bola vinda de capel, na esquerda, aos 26 minutos.
susto e reacção
só ao intervalo o moreirense acordou. e pelo pé de um uruguaio. logo no primeiro minuto da segunda parte, canto para os anfitriões, a defesa do sporting alivia e, a dois toques, pablo oliveira dispara uma bomba que só as redes da baliza pararam.
o moreirense acordava. começava a acelerar cada vez mais no ataque, e explorava sobretudo as faixas, as laterais defensivas dos leões. não que se lançasse muito para o ataque – a estratégia passava por se encolher atrás, a defender, iludir o sporting, para depois atacar rápido a bola, recuperando-a, lançando rápidos contra ataques com os quais chegava quase sempre à baliza adversária.
num deles, aos 62 minutos, novo golo, aliás, novo grande golo. e saído dos mesmos pés. contra-ataque vindo da direita, bola em ghilas entre os centrais, passe para o apoio frontal, bola para a esquerda, onde estava pablo oliveira, que a rematou de primeira, em arco, para o segundo golo. seu e do moreirense.
e isto tudo com uma grande penalidade pelo meio, dez minutos antes, que só rui patrício impediu que se tornasse num golpe ainda mais fundo para a sua equipa. uma defesa do internacional português que abriu caminho a que, aos 79 minutos, o sporting conseguisse empatar a partida, com um golo de van wolfswinkel.
até aos 90 minutos, viu-se um sporting mais dinâmico – jogadores a movimentarem-se mais e com a bola a circular mais rápido entre os seus pés. davam-se menos toques na bola, e esta mexia-se com maior velocidade.
aqui, pranjic e adrien, que tinha substituído elias e jéffren, foram fundamentais. e para viola, também entrado entretanto no encontro, ficava a tarefa de desequilibrar na condução de bola.
prolongamento
a fórmula parecia resultar, o sporting estava mais agressivo e perigoso. o moreirense só voltou a aparecer em cima do apito, com um cabeceamento à barra de ghilas. não deu em golo, deu antes um prolongamento.
e os anfitriões apareceram de novo, saídos do refúgio, do encolhimento com que se defendiam dos leões. bola longa desde a defesa, um toque na cabeça de ghilas – fulcral o poderio físico do avançado argelino -, e a bola foi parar aos pés de wagner. remate e golo, o terceiro para o moreirense.
restavam cerca de 20 minutos por jogar. perto do intervalo do prolongamento, pranjic teve dupla oportunidade para marcar: primeiro, rematou ao poste, após boa jogada no interior da área; logo a seguir, rematou para fora a bola que o poste lhe devolvera.
até ao final foi assim – sporting a tentar, por todo o lado, chegar à baliza adversária, e o moreirense fechado, com dez jogadores a defender a sua baliza, e a chutar a bola para um solitário ghilas sempre que a recuperava.
a atacar, os leões mostraram mais do que o costume, o mais que, mesmo assim, voltou a ser insuficiente. mas foi quase – num canto, no último minuto, boulahrouz. até a cabeça de um defede do moreirense fez de poste, no último lance da partida. a luta compensou.
resultado: sporting está fora da taça de portugal, e o moreirense gritou pela primeira vez a palavras que, nesta prova, tanto se diz ser habitual – uma surpresa.
(artigo em actualização.)