Novos vinhos do velho Douro

A Real Companhia Velha apresentou duas novas marcas: um topo de gama e uma interessante experiência com o Rufete, uma casta muito antiga que pode abrir uma nova tendência de consumo.

o 10.º aniversário de pedro silva reis à frente da real companhia velha foi assinalado com o lançamento de duas novas marcas. o 27.º presidente daquela que é a mais antiga empresa portuguesa, fundada por alvará régio de d. josé i, em 1756, fica assim directamente ligado a uma marca topo de gama (carvalhas) e a uma linha de vinhos que resultam de ensaios para abordar diferentes castas e técnicas (séries).

no primeiro caso, carvalhas é a propriedade mais emblemática da real companhia velha, sendo que as mais antigas referências remontam a 1759, razão pela qual pedro silva reis defende que o vinho que daqui saia tenha de ser exclusivo, distinguindo-se pela excelência. e foi à procura desta máxima que o enólogo jorge moreira partiu para uma aturada busca entre as vinhas velhas de plantação pós-filoxera, as quais estão a atingir a respeitável idade de um século. numa só quinta, onde existem todas as exposições solares possíveis e as mais variadas cotas (desde o nível do rio douro até 600 metros), conseguiram-se dois vinhos de eleição. o carvalhas branco 2011, feito com uvas das cotas mais altas – onde se verificam temperaturas mais amenas e brisas frescas que contribuem para a acidez e mineralidade – é um vinho muito aromático, casando muito bem a frescura com a elegância, demonstrando um longo final de boca. a sua fermentação foi finalizada em barricas novas de carvalho francês, durante oito meses, saindo para o mercado 4.000 garrafas. quanto ao carvalhas tinto 2010, feito com mais de 20 variedades de castas tradicionais do douro, leva-nos até à boca, com maior predominância, a casta touriga franca e revela-se um vinho com muito carácter, sendo, por isso, ideal para acompanhar assados e pratos ricos que peçam um vinho forte. entram no mercado 4.200 garrafas.

falemos, por último, do séries tinto 2010, onde se foi recuperar uma das castas mais antigas do douro: rufete. resulta de uma procura por vinhos novos e, a partir daqui, pode vir a iniciar-se uma nova tendência de consumo de vinhos aparentemente mais ligeiros e convidativos, a serem bebidos frios (10º c) em dias mais quentes. uma interessante experiência de um vinho muito exótico.

jmoroso@netcabo.pt