O porquê de Falcao correr para a Bola de Ouro

A luta é sempre igual, há pelo menos três anos. E resume-se ao duelo entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, com o argentino a vencer o último trio de edições. Só Andrés Iniesta foi recebendo uns votos que fizeram o seu nome aparecer. Mas este ano, Falcao poderá ser a novidade nesta luta. O seu…

diego pablo simeone é o mais recente técnico a potenciar, e
beneficiar, da qualidade do avançado colombiano.

em fevereiro, o argentino chegou ao clube para substituir
gregorio manzano e, três meses volvidos, estava a conquistar a liga europa numa
final disputada com outro atlético, o de bilbau. nesse encontro, dois golos de
falcao deram a vitória. uma vez mais, o avançado sagrou-se o melhor marcador da
prova, com 12 golos – em 2011, marcara 17 com o fc porto.

hoje, os colchoneros
– alcunha da equipa em espanha – partilham a liderança do campeonato com o
barcelona. em golos, falcao já marcou nove, menos dois que messi. o último
chegou no passado fim-de-semana, no país basco, frente à real sociedad, e
mostrou que o colombiano até já aprendeu a marcar a partir da marcação de
faltas.

um breve resumo do que falcao tem feito. agora, a resposta
de simeone a uma questão que lhe foi atirado pelo desportivo as, sobre se o avançado pode estar na
luta pela bola de ouro.

«eu creio que sim. se virmos a história das últimas temporadas,
[falcao] foi o campeão e goleador da liga europa, está entre os três melhores jogadores
do mundo. não fica a dever nada a ninguém, messi e ronaldo tiveram outras
circunstâncias», defendeu.

na imprensa, onde os rumores e palavras se vão alargando
sobre a nomeação – será em dezembro a gala da fifa, em zurique -, o nome de
falcao pouco ou nada tem aparecido. além de ronaldo e messi, fala-se mais de
iniesta e de iker casillas.

até andrea pirlo já foi destacado, mas o rasto de génio que
mostrou no europeu, no verão, já de pouco lhe valerá.

mas simeone resumiu as razões para que falcao esteja na luta
até ao fim: «como rematador, é dos poucos com as características de viver
pensando sempre na última jogada», leia-se, na finalização, no derradeiro
remate que empurra a bola para a baliza adversária.

«ele cresce a cada jogo, e isso fá-lo ser determinante
[dentro] da área, o seu habitat natural, onde já há poucos jogadores do seu
tipo», acrescentou. de facto, e como as estatísticas do whoscore mostram, falcao marcou oito dos seus nove golos este época
com remates no interior da área.

o colombiano é a referência do atlético. quando tem a bola,
todos os jogadores o procura, seja para o avançado guardar a bola, para ser uma
referência para tabelar ou, como mais vezes acontece, para ser o destino dos
cruzamentos e passes que enviam para perto da baliza adversária.

falcao tem uma equipa a jogar para si, que quer os seus
golos. no futebol, tal só acontece quando há qualidade para isso, ou porquê um
jogador se destaca claramente dos demais. no real madrid, é ronaldo a última
flecha que a equipa dispara nos seus contra-ataques, e no barça, todos os
outros parece ser peças só para devolver a bola a messi quando o argentino
decide correr (e fintar) em direcção à baliza.

e nesta liga, o colombiano até tem vantagens. em média, é
apanhado menos vezes em fora-de- jogo do que messi e ronaldo – 0,4 contra 0,8 e
1, em respectivo -, embora perca em outros aspectos, como o número de passes e
a sua eficácia em relação às estrelas do real e barça. mas ganha mais bolas no
ar do que ronaldo: 2,4 contra 1,8, em média, por jogo.

a estatística ajuda apenas a mostrar a influência, maior
nuns aspectos e menos importante noutros, que o avançado tem no atlético de
madrid.

a decisão, em dezembro, depende antes dos votos de todos os
treinadores e capitães das selecções da fifa. esperemos que não se esqueçam de
falcao.

diogo.pombo@sol.pt