é daquelas lojas que passa de pais para filhos, de avós para netos. com 76 anos ‘em caixa’, a pollux tem conseguido manter-se na baixa lisboeta, onde muitos espaços emblemáticos já fecharam. e, nos pisos do edíficio-sede, organizados por secções de diferentes artigos para o lar, vai acumulando estórias que contam a sua história. desde a cliente que insistiu em devolver talheres, cuja marca nunca tinha existido na loja, ao comprador que quis trocar um termo de café depois de o ter posto ao lume, muito têm para contar os funcionários, alguns com mais de 30 anos de casa. já sabem que, em novembro, duas das mais antigas clientes – que quando eram jovens chegaram a ir com as suas damas de companhia – aparecerão para fazer as compras de natal na loja.
«o lado positivo dos nossos mais de 75 anos é que somos falados há gerações. o lado negativo é que, não estando nos centros comerciais e sendo a cultura de shoppings a das novas gerações, o target em termos de idade é de nível mais elevado. se calhar, 80% dos nossos clientes têm mais de 30 anos», descreve ao sol o administrador, antónio robalo.
por isso, diz o descendente da família robalo – que no final da década de 80 comprou a pollux –, o segredo da longevidade «é resistir, adaptando-nos à realidade e aos gostos, tentando cativar as novas gerações, e através da expansão geográfica», ainda que o negócio não viva dias fáceis.
com nove lojas – outra na baixa, uma nos olivais, a única num shopping, duas no porto e ainda na amadora, almada, aveiro e um outlet em vila franca de xira –, antónio robalo assume que as vendas estão a cair e que começam a surgir os prejuízos, embora não quantifique. a concorrência de marcas internacionais fez aumentar a oferta para uma procura deprimida e o comércio de rua perdeu terreno para shoppings. não estão previstos fechos ou despedimentos, mas a expansão também não faz parte dos planos.
«deixámos de crescer em 2002». em 2009, o volume de negócios rondava os 9 milhões de euros, descendo para 8 milhões em 2011, mas o administrador espera que «este ano não seja pior do que 2010 e 2011», porque a pollux tem tentado adaptar-se à crise e não está endividada.
a ajuda do turismo
depois de ter ‘rejuvenescido’ o edifício da baixa nos anos 90, o grupo apostou também na venda de artigos para hotelaria, área que pesa entre 5% a 10% das receitas. renovou a oferta: desapareceram as secções de discos e perfumes e reforçaram-se as de loiças e vidros, cutelarias e decoração. e até abriu um café no último andar, que pode vir a ser transformado em restaurante no próximo ano para atrair a clientela mais jovem, avança antónio robalo, sublinhando que os turistas também frequentam muito este espaço.
«vêm alguns turistas à pollux e temos muitos clientes de origens lusófonas, sobretudo de áfrica», indica o administrador, detalhando que são, maioritariamente, angolanos e brasileiros e que, por norma, gastam mais do que os portugueses. «fazemos cerca de mil vendas por dia, mas se há algum em que o volume foi superior porque houve um cliente bom, em 30% ou 40% das vezes esse cliente era brasileiro ou angolano», afirma.