a expressão é comum no português falado, mas invulgar no
mundo do futebol. mas ontem, quarta-feira, saiu da boca de nani quando o
internacional português foi questionado sobre o seu futuro nos ‘red devils’ –
alcunha pela qual o united é famoso em solo britânico.
«só deus sabe o que me espera», revelou, citado pelo daily telegraph, ajudando ao mistério
que não o deixa de rodear, e que o começou a rondar no início da época passada.
alex ferguson, com um currículo marcado por conquistas e personalidade vincada,
pouco costuma tolerar demonstrações de vontade em sair do clube.
e começou a mostrar isso ao português: fez apenas 40 jogos, oito
como suplente resgatado do banco, especialmente na liga dos campeões, onde,
longe de manchester, o técnico optava por começar os encontros com nani fora do
relvado. ainda assim, terminou a época com dez golos marcados.
esta temporada, apenas foi titular em três dos 12 encontros
da equipa. já marcou um golo, frente ao tottenham, mas as suas perspectivas não
melhoraram. aliás, terão piorado com a opção de ferguson de hoje dispor os seus
quatros jogadores do meio campo em losango.
mais estabilidade, médios interiores de trabalho e
circulação de bola, pouco espaço ficou para extremos como nani ou antonio
valencia, com fome de pisarem a linha e ultrapassarem quem pela frente estiver.
e com esta organização, o united começou por consentir dois
golos ao braga, em casa, na terça-feira. a equipa chegaria à vitória, mas só, e
já, com o português em campo.
«se resultar e começarmos a jogar com consistência em
losango, seria revolucionário porque vai contra a nossa história», explicou ferguson,
em palavras com raízes profundas no futebol britânico, de extremos, homens
rápidos nas alas, que sempre torciam os pescoços aos defesas adversários com
tantas bolas que disparam para a área, com cruzamentos que são a natureza do
jogo inglês.
«as outras equipas terão que pensar se vamos jogar largo ou
com losango, porque temos jogador capazes de fazer ambas as coisas», dito
assim, por ferguson, parece fácil.
de facto, o united tem nomes para jogar com extremos rápidos
ou interiores cumpridores, mas apenas terá um no plantel que o possa cumprir
ambas as posições com eficácia: ryan giggs. o problema, é que o galês vai com
39 anos.
a solução é fugir? nos últimos meses tem-se falado da
juventus como o clube mais interessado em nani. a equipa de turim, porém, há
mais de 40 encontros que joga sem extremos, e antonio conte – treinador que
está suspenso até novembro devido ao seu envolvimento no mais recente escândalo
de combinação de resultados no futebol italiano – tem alcançado resultados com
o seu 3x1x3x2.
o português poderá olhar para o exemplo de milos krasic, extremo
que chegou à juventus em 2010. justificavam-se as notícias que, na altura,
falaram também do interesse do real madrid – o sérvio impressionara ao serviço
do cska de moscovo.
mas na juve, deixou de aparecer com a chegada de conte. o
seu sistema requer defesas que ataquem, e não extremos pouco habituados a
defender, tal como nani.
o sérvio fugiu para a turquia, refugiou-se no fenerbahce,
esta época. e ao português, poderá aconselhar-se outro destino quando quiser
evadir-se (do banco) do manchester united.
