China censura site do NYT com investigação sobre fortuna de Wen Jiabao

O governo chinês não gostou do que viu e, para mais ninguém ver, cortou o mal pela raiz. O site do jornal norte-americano New York Times foi censurado na China depois de ter sido publicado um artigo que revelava a fortuna acumulada e «escondida» da família do primeiro-ministro Wen Jiabao.

num artigo intitulado ‘biliões em riqueza escondida da família de líder chinês’, david barboza – autor do texto e responsável pela delegação do nyt em xangai – tece uma longa investigação em torno da riqueza abrupta da família de wen jiabao. uma família que começou por ser «extremamente pobre» mas que passou rapidamente para o estatuto de uma das famílias mais ricas do mundo.

«os detalhes de como a viúva ms. yang [mãe de wen jiabao que era professora numa localidade no norte da china e cujo pai se dedicava à criação de porcos] acumulou tamanha fortuna não são conhecidos», mas a estreita relação com a chegada de wen jiabao à elite da política chinesa em 1998 parece clara.

jiabao começou como vice-primeiro-ministro em 98 e cinco anos depois chegou ao número um do governo. tempo que parece ter sido suficiente para acumular a tal «riqueza escondida».

a investigação prossegue em torno do abrupto enriquecimento da mãe, irmão, cunhado e filhos do actual primeiro-ministro, que possuem inúmeras propriedades e empresas em vários sectores, nomeadamente no ramo dos seguros e da construção. no total, a fortuna da família estará avaliada em 2.7 mil milhões de dólares.

perante o cenário, a investigação de david barboza não foi bem recebida na china e o primeiro-ministro apressou-se a bloquear o acesso ao site em território chinês. pelos mesmos motivos foram bloqueadas todas as referências ao relatório do jornal norte-americano em blogues e fóruns online, escreve a bbc.

segundo o porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros chinês, o bloqueio na internet foi feito «de acordo com a lei» e deveu-se ao facto de a investigação norte-americana sobre a fortuna de wen jiabao ter «segundas intenções».

o artigo do nyt lembra que tanto o governo chinês como a família do primeiro-ministro foram questionados sobre a investigação, mas recusaram-se a comentar os dados. o relatório baseia-se em registos corporativos datados de 1992 a 2012.

rita.dinis@sol.pt