o encontro interessava, sobretudo, para impedir que a
principal memória sobre o sporting esta época passasse a ser uma de cinco derrotas
consecutivas. a equipa ia em quatro, mas na primeira parte pouco fez para que
no final abraçasse uma vitória.
ao intervalo, os leões empatavam sem golos com uma académica desprovida de oito dos habituais titulares, fustigados por lesões reminiscentes do duelo
de quinta-feira em madrid, frente ao atlético de falcao, tiago e sílvio.
mesmo assim, era a mesma académica que, há uns meses,
derrotara o sporting na final da taça de portugal. a única distinção era
adrien: o médio vestia agora uma camisola listada a verde e branco. o português
integrou um meio campo a três dos leões
que tinha muita bola a atacar, mas que insistia em fazê-la rolar pelo relvado
com uma lentidão que só a chuva que ia caindo ajudava a acelerar.
na bancada estava uma vez mais franky vercauteren, o belga
que pela segunda (e última) vez assistia ao marasmo de ideias da equipa que a
partir de amanhã, terça-feira, começa a tentar ressuscitar. a primeira parte
voltou a ser um resumo do que tem sido o sporting esta época: a equipa tem
muita bola (acabou o jogo com 60% da posse a pertencer-lhe), os passes fluem no meio campo adversário, mas sempre para as faixas,
onde continua a insistir em consecutivos cruzamentos para a área.
os resultados dessa fórmula eram nulos, e apenas valentín
viola, a partir de uma das alas, conseguia sacudir a equipa no ataque. por duas
vezes o argentino rematou à baliza de ricardo, guarda-redes de uma académica que,
com bola, explorava os espaços que o sporting quase sempre concedia no seu meio
campo.
só em contra-ataque o conseguia, é certo, mas sempre que o
tentava chegava com a bola à área leonina.
a história resumida da segunda parte manteve o essencial,
mas com alguns reparos. a desorganização começou a notar-se, principalmente do
lado do sporting, embora se tenha devido, em parte, às lesões de santiago arias
e khalid boularhouz, que obrigaram a que gelson fernandes entrasse para o lado
direito da defesa e rinaudo recuasse para central.
a defender, o buraco no meio campo do sporting alargou-se, e
a académica começou a criar mais oportunidades para marcar. e aos 60 minutos,
só uma grande defesa de rui patrício (qual é a alcunha que lhe dão os adeptos
leoninos?) evitou que um chapéu vindo dos pés de marinho entrasse na baliza e
castigasse um mau passe que pouco antes gelson cometera.
e 16 minutos depois, ainda chegou a melhor, aliás, a única
hipótese que o sporting teve em marcar: um passe vindo dos pés de izmailov, os únicos que parecem vir de uma cabeça com ideias, isolou van wolfswinkel perante
ricardo, mas o guardião defendeu o remate do holandês.
o resultado do encontro, portanto, foi este: uma real oportunidade
de golo para cada equipa; um dilúvio que caiu no relvado; uma académica que
ganhou um ponto em alvalade e um sporting que assim deixou de perder, mas que
continua a não conseguir vencer um jogo.
oceano cruz despede-se como treinador do leões e deixa
assim a cadeira, em definitivo, a franky vercauteren. por hoje, só haverá uma
certeza na cabeça do belga – terá muito
trabalho pela frente se quiser empurrar o sporting rumo aos resultados e
futebol positivos.