Racismo está de volta ao Chelsea, e o ataque aos árbitros também

Pouco dura o descanso em Inglaterra, fora dos relvados. Mais um escândalo de racismo está a irromper, e de novo com o Chelsea à mistura. Desta feita, nada se passa com John Terry, mas antes com outro John, o nigeriano Obi Mikel, que se queixa de ter sido ofendido racialmente por Mark Clattenburg, o árbitro…

o fim-de-semana prometia. ao derby de
merseyside entre os rivais de liverpool seguiu-se, horas depois, um clássico em londres, entre os blues do chelsea e os red devils do united. no marcador: uma
vitória dos forasteiros contra uns londrinos que terminaram com nove jogadores;
o resultado: polémica.

no final do encontro, john obi mikel foi até ao balneário
reservado à equipa de arbitragem queixar-se de que mark clattenburg lhe teria
chamado «macaco» durante a partida. o daily
telegraph lembra que, no mesmo dia, o chelsea ainda revelou que juan
manuel mata, espanhol, também teria sido alvo de insultos – o árbitro tê-lo-ia chamado
«spanish twat», levemente traduzido para «estupor espanhol».

esta terça-feira, porém, pelo menos a parte que toca a mata
já terá sido amenizada. oriol romeu, outro dos espanhóis do chelsea, que hoje passa
mais tempo no banco do que no relvado, garantiu à sky sports que mata lhe dissera que «não ouviu nada».

«foi outra pessoa que terá ouvido, mas não foi ele
directamente. só me disseram que foi outro jogador a ouvir [o insulto]», explicou.
de facto, e mesmo apesar de ainda não ter apresentado qualquer queixa oficial,
o chelsea assegura que tem pelo menos três jogadores que podem servir de
testemunhas à investigação.

investigação que já foi iniciada pela polícia metropolitana
de londres, em resposta à queixa essa sim interpelada pela associação de
advogados negros (aan). porém, nenhuma acção judicial foi para já tomada pelo
chelsea ou pela federação inglesa de futebol (fa).

o encontro de domingo terminou com a derrota do chelsea
(3-2), a primeira que sofreu esta época. a equipa acabou o jogo com nove
jogadores no relvado, após as expulsões de branislav ivanovic e de fernando
torres.

o árbitro mostrou um segundo amarelo ao avançado,
alegadamente depois de o espanhol ter simulado uma falta – de facto, havia
mesmo falta, como mostraria depois a comodidade da repetição televisiva.

minutos depois, o united marcaria o golo da vitória. e para
acentuar a polémica que se seguiria, o tento chegou por via de um javier
hernández que partira de uma posição irregular. fora-de-jogo por assinalar,
portanto.

uma reputação que
ameaça
um par de decisões que marcam o trabalho de mark clattenberg, inglês de 37
anos que era encarado como um dos árbitros de percurso ascendente, na carreira e
reputação, no seio da fifa.

o britânico apitou a final do torneio olímpico de futebol,
entre o brasil e o méxico, em londres, no verão, e antes servira de observador
oficial da uefa durante a final do último europeu. clattenberg era um dos
árbitros que muitos viam a apitar alguns encontros no brasil, em 2014, no
próximo mundial, como destaca o the
guardian.

agora, o seu nome poderá corresponder ao próximo alvo do
chelsea no seu historial de ruína que fez cair sobre árbitros.

em 2005, o sueco anders frisk abandonou a profissão após
receber várias ameaças de morte de adeptos dos blues, após ter expulso didier
drogba no jogo da primeira mão dos quartos de final da liga dos campeões, em
camp nou, frente ao barcelona.

josé mourinho, na altura ainda treinador do chelsea, acusou
o árbitro de se ter reunido ao intervalo com frank rijkaard, técnico dos
catalães.

três anos volvidos, foi tom henning ovrebo o alvo das
críticas. os blues queixaram-se que o árbitro norueguês não assinalou quatro
grandes penalidades ao longo do encontro da segunda mão das meias-finais da ‘champions’,
em londres, de novo frente ao barcelona. em 2010, ovrebo deixou de integrar a
elite dos árbitros da uefa.

em ambos os casos, o chelsea foi eliminado da liga dos
campeões.

a associação dos árbitros ingleses já manifestou o seu apoio a mark clattenburg, cuja reputação pelos relvados britânicos se resumo a um árbitro que teima em muito falar com os jogadores durante a partida. 

o the guardian chegou mesmo a escrever sobre «companheirismo» para classificar o seu estilo de arbitragem. seja o que for que isto queira dizer.

diogo.pombo@sol.pt