Tudo é melhor

Não é verdade que o panorama da imprensa tenha mudado de um dia para o outro, mas é certo que as mudanças se tornaram evidentes num curto espaço de tempo.

a crise no sector é conhecida em portugal, mas não é exclusiva do nosso país. a revista newsweek deixará em janeiro de ser impressa em papel e passará a ter edição exclusiva e paga online, embora com conteúdos de acesso livre. também o grupo que detém o guardian pondera a hipótese de fazer o mesmo, após ter sofrido perdas no valor de 44 milhões de libras. pode haver uma solução intermédia, que passa por disponibilizar online conteúdos diferentes dos publicados em papel. seria uma maneira de ter o melhor dos dois mundos numa só publicação. seria, sobretudo, uma forma de tirar os conteúdos pagos em papel da concorrência gratuita do online. na melhor das hipóteses, o online existiria como um meio para a compra do jornal em qualquer formato. independentemente das decisões, não esqueçamos que há soluções.

à minha maneira

um inquérito realizado na grã-bretanha concluiu que a música pop é cada vez mais utilizada em funerais. em primeiro lugar, na lista de pedidos, está o tema de claude françois, rescrito por paul anka, ‘my way’, interpretado por frank sinatra. há sete anos consecutivos que é o tema pop mais requisitado na hora da despedida. a ideia parece ser a de que a pessoa que morreu viveu como quis e, por isso, a morte não é tão pesada como parece ser naquele momento. fiquei a pensar no que seria o equivalente natural português e concluí que os xutos e pontapés têm dois temas adequados à ocasião: ‘contentores’ e ‘à minha maneira’. o segundo é melancólico, mas tem o título e depois o refrão: «já sei que hei-de arder na tua fogueira, mas será sempre, sempre à minha maneira», uma expectativa fantasiosa da vida no inferno. tem a sua graça. mas o primeiro é perfeito quando se afirma: «adeus ó meus amores que me vou/ para outro mundo». é invulgarmente alegre e festivo para o desânimo português.

outra estratégia

por seu lado, o the new york times anunciou, para 2013, o lançamento de um site de língua portuguesa para o mercado brasileiro. ainda este ano, a publicação terá uma edição online em chinês. o mesmo princípio adequa-se aos dois sites: uma mistura de artigos originais de colaboradores locais e uma série de artigos traduzidos da edição em inglês. os motivos são obviamente económicos. o brasil é uma economia em expansão, mas a concorrência dos media locais será feroz. ainda assim o nyt aposta no nome bastante conhecido do jornal no brasil, no número significativo de leitores da edição original para abrir instalações em são paulo, a par das já existentes no rio de janeiro. o investimento no mercado de língua portuguesa compensa porque há consumidores. há uma parte do mundo que está a começar a poder comprar. é bom saber que há quem possa. ainda não é por esta zona do globo que vão conseguir vender alguma coisa.

para adultos

estamos mais que avisados quanto aos efeitos nocivos da participação de crianças e jovens em redes sociais, como o facebook e o twitter. o caso terrível de amanda todd, uma rapariga canadiana de 15 anos, que se suicidou após ser vítima durante anos de cyberbullying, é revelador de um clima de selvajaria típico de certos ambientes online. agora o alerta chega de uma reputada cientista da universidade de oxford, susan greenfield, que avisa que a exposição de crianças e jovens a um modo de vida na internet tem consequências que afectam o seu comportamento. por exemplo, um twitteiro adolescente vive em função do feedback. esta necessidade de atenção constante, impossível de satisfazer off line, produz gente ansiosa. pensando bem, não recomendaria nenhuma rede social a pessoas com menos de 35 anos. e, mesmo assim, só às que viveram uma adolescência saudável, para não correrem o risco de darem demasiada importância ao que não tem.

desilusão

dana horn pergunta no the washington post o que fazem os ladrões de arte depois de roubarem obras que valem fortunas. o pretexto é o roubo mais recente de obras fabulosas de picasso, monet e matisse da galeria kunsthal, em roterdão. o que fazem os ladrões às obras de arte que não podem vender em lado nenhum? segundo um ex-agente do fbi especializado nestes casos, não existe um mercado paralelo para compra e venda destas obras. o ladrão é, aliás, apanhado sempre que tenta vender o monet. há duas motivações principais. uma é o dinheiro, sim, mas do resgate da obra, que se torna uma espécie de refém. a outra consiste em impressionar outros ladrões. num assalto, às oito da manhã, no museu van gogh, em amesterdão, os ladrões exibicionistas usaram uma escada e não se inibiram em actuar à frente de testemunhas. o dinheiro (do resgate) e a vaidade são o que os leva a cometer o crime. afinal, há razões prosaicas para roubar objectos tão sofisticados.