Vamos contrariar um estudo

O consumo interno de vinho tem vindo a diminuir, conclui um estudo da GfKTrack.Wine, empresa que monitoriza o sector vitivinícola nacional.

se juntarmos a esta outra conclusão do mesmo estudo, que afirma que é o preço do vinho que influencia os consumidores na decisão da compra, podemos ser levados a pensar que é a crise que está a afastar os consumidores. mas penso que não. hoje, só não faz um bom vinho quem não quer e há produtos à venda a preços muito razoáveis. e como revela ainda o estudo, o português continua a apontar o aroma agradável como principal motivo de escolha, não se percebendo esta quebra de consumidores, quando não faltam opções no mercado com grande qualidade.

que fazer, então? sem querer enveredar por um célebre slogan salazarista de 1935 que dizia ‘beber vinho é dar de comer a um milhão de portugueses’, estou, no entanto, inclinado a defender que o que está a fazer falta neste momento é a descoberta de estratégias de forma a aproximar os portugueses do consumo de vinho. basta que a indústria vitivinícola – que tem vindo aumentar o volume de exportações – se volte também com mais atenção para o mercado interno.

até lá, vamos aprendendo com os resultados do estudo e quero começar já hoje a contribuir (nem que seja um pouco) para inverter mais dois dados apurados pela gfktrack.wine. o primeiro diz-nos que mais de metade dos actuais consumidores opta pelo vinho tinto, seguindo-se o verde e só 27% apostam no branco. o segundo aponta para que os portugueses tenham pouca propensão para experimentar novos vinhos.

ora bem, então aqui ficam dois brancos: um é o vila santa reserva de 2011, outro é o conde de vimioso também de 2011, ambos da responsabilidade de joão portugal ramos. o vila santa é um vinho alentejano – por acaso a região preferida dos portugueses –, fermentou parcialmente em barricas novas de carvalho francês e tem um aroma cítrico e a frutos exóticos, revelando uma frescura de grande elegância. já o conde de vimioso é da região do tejo, apresentando aromas a ananás e a manga, combinados com notas florais de rosa. tem um longo final de boca. ambos revelam-se aptos a acompanhar peixe e carnes brancas. experimente-os e contribua para quebrar os dados do estudo.l

jmoroso@netcabo.pt