não discuto medidas de segurança, porque essas matérias são reservadas e parto do princípio de que se fez o que era adequado face às informações disponíveis. falo do manifesto exagero com que foi tratada a visita. portugal tem oito séculos e meio de história. não pertencemos a um continente menos desenvolvido ou mais distante. aí, ainda poderia haver razão para tanto deslumbramento. aqui, não!
na visita oficial anterior, coube-me a mim, enquanto primeiro-ministro, receber gerard schroeder. foi em outubro de 2004. não almoçámos em oeiras mas no palácio da vila, em sintra. e também encerrámos um encontro de empresários – no caso, da câmara de comércio luso-alemã – não no ccb mas na fil da junqueira.
recordo-me que estranhei, nos dias seguintes, a fraca cobertura dada a essa visita. irão alguns dizer que se trata de ‘ciúmes’, mas é-me indiferente. falo de factos, e quem trabalhava comigo sabe do que falo. e não falo por mim, mas pelo então chanceler alemão.
as circunstâncias eram diferentes, mas os temas eram bem importantes para portugal. estava em causa o limite dos 3% de défice público (para os dois países) e os recursos para as novas perspectivas financeiras. pois parecia que se tratava da visita de um subsecretário de estado alemão. desta vez, foi ao contrário: parecia que tinha chegado o papa.
não me refiro às atitudes nem às palavras dos governantes portugueses, nomeadamente do primeiro-ministro. foram adequadas e congruentes com as posições que se lhes conhecem. mas o aparato, a cobertura mediática, o frenesim foram tão grandes que passou as raias do exagero.
politicamente, foi uma visita importante. muito importantes para os mercados internacionais foram os seus reiterados elogios ao rumo que o governo e os portugueses em geral estão a seguir. pena foi que não tenha recebido o líder do maior partido da oposição. isso não ficou nada bem.
a dupla liderança do bloco de esquerda
esta liderança do bloco de esquerda inicia funções quando o partido assume, nitidamente, a sua vontade de participar num futuro governo ‘de esquerda’. o bloco já não gosta, aliás, que lhe chamem ‘partido de protesto’.
nas últimas eleições legislativas, os militantes e dirigentes do bloco devem ter sentido isso mesmo: há um tempo para protestar, mas segue-se outro em que as pessoas querem ver os que criticam estarem disponíveis para assumir responsabilidades.
a base de apoio do bloco não é, como se sabe, semelhante à do pcp. o partido dirigido por jerónimo de sousa tem uma base mais operária e mais sindicalizada. o bloco tem um eleitorado de origens ou caraterísticas mais ‘burguesas’ e/ou intelectuais. não estarão preparados para tantos anos só de resistência ou oposição… com o devido respeito pela envergadura moral de todos e de cada um, como é evidente.
por regra, acredito pouco em lideranças bicéfalas. acabam por se ‘desmanchar’ ou clarificar, consoante a perspectiva. inspiram-se em frança, na frente de esquerda e na coliderança de jean-luc mélenchon e martine billard.
catarina martins (um género de martine aubry uma geração depois) tem uma atitude e um modo de falar mais autoritário, ou mais afirmativo. joão semedo é consistente, surpreendente e parece contente com esta nova fase em que entrou.
o bloco sonha subir eleitoralmente e ameaçar a posição do partido socialista. sonha com uma reedição do que se passou na grécia com o syriza e o pasok. mas parece-me que estão a sonhar muito alto – até porque, por lá, alexis tsipras não lidera com mais ninguém a coligação ‘familiar’ do bloco. essa liderança é bem afirmativa.
sporting e jogadores mais velhos
o sporting conseguiu ganhar. jogou bem na primeira parte. e importa reconhecer que o sp. braga tem um bom futebol e se tornou uma equipa confiante e ambiciosa.
para aligeirar, as exibições de lima no benfica demonstram bem como os ‘prospectores’ do sporting – e não só – andam distraídos.
e no sporting de braga continuam a jogar alan e mossoró. há quem diga que alan tem 33 anos. pois tem! e marcou dois golos em old trafford, jogando como ninguém. melhor do que muitos que estão nos grandes clubes. e, a propósito de manchester, jogam lá giggs, com 38 anos, e scholes, com 39. e em itália quantos grandes jogadores mantêm alto rendimento com essas idades? e mesmo que alan faça só mais duas épocas em grande nível, quantas fazem os que têm custado milhões ao sporting?
ah! e já lá anda éder. e aquele eliseu do málaga? e quantos jogadores portugueses estão como titulares em equipas europeias e chegam mesmo à selecção nacional? quanto desperdício…