di matteo fez o que pode, e aguentou-se oito meses. ao
certo, 262 dias. contas feitas, mais meia dúzia do que andré villas-boas, predecessor
no cargo, e no papel de ser despedido pelo milionário russo, proprietário do
clube londrino. «no chelsea, outro despedimento é só mais um dia no escritório»,
reagiu assim o português.
no relvado, e em números, o treinador italiano venceu 23 dos
40 encontros em que se sentou no banco de suplentes da equipa. pelo meio, duas
dessas vitórias valeram um par de títulos: a liga dos campeões, tão desejada
por abramovich, e uma taça de inglaterra. na premier league, deixa a equipa no
terceiro lugar, a quatro pontos da liderança.
na ‘champions’, os
blues – como são apelidados por terras inglesas – correm o risco de serem os
primeiros campeões europeus a serem eliminados logo na fase de grupos da prova.
um risco solitário. agora, di matteo já não o partilha com a equipa. «o seu cv
é agora um dos melhores do mundo», sublinhou villas-boas. olhando só para o
rácio entre conquistas e tempo, assim o será.
e lá no seu curriculum
constará também que foi despedido por roman abramovich, o russo que, nos nove
anos que já leva como proprietário do chelsea, clube que comprou em 2003,
conseguiu despedir seis treinadores e gastar dezenas de milhões de euros com as
suas respectivas indemnizações. a lista começou com claudio ranieri, passou por
josé mourinho, luiz felipe scolari, carlo ancelotti, andré villas-boas, e tem
agora no italiano o seu nome mais recente.
segue-se rafa benítez. no banco de suplentes, por enquanto.
o espanhol foi anunciado como o novo treinador do chelsea
ainda ontem, e esta quinta-feira deverá até estar presente numa conferência de
imprensa nas instalações do clube. no liverpool, em seis épocas – entre 2006 e
2010 -, venceu uma liga dos campeões, uma super taça europeia, outra inglesa, e
uma taça de inglaterra. em 2009, chegou a terminar a premier league a apenas
quatro pontos do campeão, a melhor prestação do clube no campeonato na última
década.
aterra agora em londres, com contrato até ao final da época.
ou seja, a prazo. os rumores insistem em apontar que abramovich vai correr
atrás de pep guardiola, o sabático e voluntário desempregado, que vários
gigantes europeus querem obrigar a voltar ao activo, ansiosos por contar com o
catalão que venceu 14 títulos em quatro anos à frente do barcelona. portanto,
benítez poderá estar condenado a voltar ao desemprego no próximo verão.
isto se aguentar até lá. se evitar a eliminação da liga dos
campeões não depende só do chelsea – basta a juventus vencer para eliminar os londrinos -, ao espanhol cabe a responsabilidade de
manter a equipa na luta pela conquista do campeonato e de todas as outras
provas (taça de inglaterra e taça da liga).
só assim poderá escapar ao impulso mais comum de abramovich – despedir
o treinador e carregar no botão de reiniciar.
para rafa benítez, o pior que pode acontecer é ter que procurar um novo clube em agosto. porque melhor até será se for despedido entretanto: terá direito a uma indemnização choruda, e será o próximo caso a registar da síndrome à qual o milionário russo faz questão em ir dando novos episódios.