Uns ‘leões’ que pelo menos reagiram (2-2)

Ao intervalo, o Sporting parecia que continuava a dormir no pesadelo que começou em Basileia, na Suíça: perdia por dois golos com o Moreirense, último classificado do campeonato. Mas num par de minutos, golos de Xandão e Eric Dier igualaram o par de tentos de Pablo Oliveira (outra vez) e Ghilas e, sobretudo, evitaram que…

parecia um teatro, tal era o silêncio que se notava no
estádio. em moreira de cónegos, os adeptos do sporting, em protesto, só
gritaram ao intervalo. «palhaços joguem à bola», ouviu-se, num coro de fúria.
por essa altura, o sporting acabara de sofrer o segundo golo do moreirense, e
foi assim que saiu do relvado.

até lá, o silêncio justificara-se: poucas razões havia para
aplaudir ou festejar o que os leões
mostravam em campo. apenas num tímido quarto de hora inicial se viu um sporting
a pressionar, a sair veloz para movimentos atacantes, sobretudo com andré
carrillo a tentar  puxar pela equipa que
franky vercauteren  repetiu, em relação
ao encontro com o sporting de braga, há duas semanas – o único que vencera
desde que chegara ao clube.

a restante meia hora foi do moreirese. o último classificado
da liga, ousado pela fresca memória de, há cerca de um mês, ter ali mesmo
eliminado o sporting da taça de portugal, começava a empurrar os leões para trás. schaars e pranjic eram
engolidos pelo meio campo adversário, e não impedia que a bola circulasse de
ala em ala.

e da direita vieram as duas bolas que re-re-relembraram o
quão frágil era a defesa dos leões: dois
cruzamentos a explorarem espaços entre os defesas do sporting – erros de eric dier
e xandão – a culminarem em dois golos, em apenas cinco minutos.

pablo oliveira, o malogrado nome, primeiro, a marcar o seu
terceiro em dois encontros diante do sporting. depois, foi do pé do próprio
uruguaio que partiu a outro bola, que foi empurrada para a baliza por ghilas.
aqui, o argelino fazia o seu sexto golo no campeonato, ficando com apenas menos
um que produção total do ataque dos leões.

furacão de cinco
minutos

a voltar ao relvado, os olhares da equipa do sporting terão revisto as faixas
que, desde o início os adeptos exibiam nas bancadas: «joguem pela camisola» ou
«sem ídolos, não há cânticos» eram dois exemplos. frutos ou não de inspiração, certo
é que demoraria cerca de 20 minutos até os adeptos voltarem a gritar.

e desta feita, eram gritos de festejo. aos 64 minutos,
xandão cabeceou uma bola vinda de um canto na direita, e reduziu a desvantagem.
um par de minutos volvidos, eric dier rematou para a baliza uma bola perdida na
área, estreando-se a marcar pela equipa principal do sporting. dois golos
vindos da dupla que tinha errado nos golos do moreirense.

golos que surgiram numa rajada que embalou o sporting em
cinco minutos de um furacão atacante, onde remataram por várias vezes à baliza
adversária, com uma bola disparada ao poste pelo meio. os leões não marcaram um terceiro, e deixaram o moreirense
reerguer-se, e a equipa da casa voltou a lançar rápidos contra-ataques que
quase sempre chegavam perto da baliza de rui patrício.

até ao final, houve oportunidades para ambos os lados voltarem a marcar. andré carrillo falhou a melhor oportunidade para o sporting, e fábio espinho, ‘cérebro’ do moreirense, por pouco não alcançou uma bola cruzada (agora) desde a esquerda, por augusto.

«o caminho é esse», defendeu xandão, no final do encontro. não será bem este, mas se recuperar de uma desvantagem de dois golos pouco acrescenta de positivo à situação da equipa – continuará no 10.º lugar do campeonato -, mas poderá dar-lhe o «pontapé mental» do qual o próprio franky vercauteren falou após o encontro.

ao menos, evitou mais assobios após o apito final. sinal de que, pelo menos, a atitude da equipa na segunda parte chegou para amenizar a ainda assim fraca exibição que os leões voltaram a mostrar, após serem eliminados das competições europeias, a meio da semana, em basileia.

(artigo actualizado às 22h31.)

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