«o dérbi do juízo final», intitulava assim o el país um texto no qual anteviu o duelo
de madrid, na quinta-feira passada. sem fontes ou personalidades do clube
identificadas ou citadas, a notícia sugeria que o encontro diante do atlético
seria decisivo para o futuro de mourinho.
à sua terceira temporada ao serviço do real madrid, são
estes os números actuais: o real está, na liga, a 11 pontos de uma liderança
catalã, do barcelona, seu maior rival; na liga dos campeões, assegurou a
qualificação para os oitavos de final em segundo lugar do seu grupo, e na copa
do rey (a taça de espanha), está igualmente nos ‘oitavos’ da competição.
mas em causa, hoje, estará a sua relação com florentino
pérez, e a alegada perda de paciência do presidente face a algumas atitudes do
português esta época – a polémica com sérgio ramos, um dos capitães da equipa,
as suas críticas na imprensa à atitude de alguns jogadores ou o ‘confronto’ de
mourinho com os adeptos.
neste último ponto, o mais recente desafio chegou no sábado.
quarenta minutos antes do início do jogo, no santiago bernabéu, estádio do
real, mourinho compareceu no relvado para se sujeitar aos assobios dos adeptos merengues. o treinador cumpriu assim com
o que anunciara. «esperava-se uma grande assobiadela contra mim, e quis que as
pessoas se concentrassem em mim para que [depois] apoiassem a equipa», diria,
após o jogo.
quando subiu ao relvado, porém, mal se ouviram assobios nas
bancadas, que ainda só contavam com pouco mais de 5 mil adeptos.
à falta de manifestações de desagrado, este desafio, antes
da partida, foi ganho. o que se seguiu, no relvado, foi igualmente ganho:
vitória por 2-0. mas a atitude de mourinho só terá piorado a opinião de
florentino.
esta segunda-feira, o desportivo marca destacava no seu site que «o ciclo de mourinho no real chega
ao fim», atirando que o treinador permanecerá no clube até junho, mas que no final
da época a sua saída «será negociada». mesmo que conquiste a liga dos campeões –
será a 10.ª da história do real madrid, um objectivo que há muito o clube
persegue e para o qual o próprio português foi contratado.
«perguntem se está
contente comigo»
polémica à vista, e bombardeamento de perguntas. mourinho compareceu hoje
na conferência de imprensa de antevisão ao encontro de terça-feira, da liga dos
campeões, frente aos holandeses do ajax, mas dos jornalistas quase que só
vieram questões sobre o seu futuro. e sobre floretino pérez.
quanto ao seu futuro, o português referiu apenas que «amanhã
a uefa já confirmou que será o [seu] 101.º jogo na liga dos campeões», já
depois de reforçar que tem uma «boa relação pessoal» com florentino pérez.
pessoal, mas nada referiu quanto à profissional.
«perguntem ao presidente se está contente comigo. não tenho
problemas, mas não vou alimentar mais esta situação», esclareceu. confrontado
com a manchete de hoje da marca, o treinador chegou a instigar um jornalista, dizendo-lhe
que «deveria fazer essas perguntas ao colega de imprensa que sacou a notícia».
«o josé pode treinar
em qualquer lado»
os rumores que hoje deflagram sobre a saída de mourinho do real madrid dão
a faísca para que outra fogueira se reacenda, uma vez mais, em inglaterra – a que
arde em torno da sucessão de alex ferguson.
o escocês conta já 71 anos, 26 épocas como treinador do
manchester united e uma estátua à porta de old trafford, estádio do clube. é
uma lenda vida, uma que mourinho enfrentou durante mais de três anos, entre
2004 e 2007, na premier league, quando o português treinou o chelsea. mas
ferguson é também uma lenda cuja sucessão cada vez mais se discute.
aproveitando os rumores por espanha, a itv4, uma estação de televisão britânica, questionou ferguson sobre
a hipótese de mourinho ser o herdeiro do seu posto. «o josé pode treinar em
qualquer lado, [mas] não vou fazer quaisquer previsões do que vai acontecer
neste clube», respondeu, antes de lembrar que «não vai durar para sempre».
nem ele, nem mourinho no real madrid. a imprensa escreve que florentino pérez só quererá empurrar o português para fora do clube no final da época, tempo suficiente para o treinador sair como gosta, e costuma fazer nos clubes por onde passou (à excepção do chelsea): com sucesso.
para tal, terá que conquistar a tão desejada décima liga dos campeões na história do real madrid. isso, ou recuperar dos 11 pontos que o afastam do barcelona e re-conquistar a liga espanhola. porém, mais apetecível (e fácil), será ir atrás da glória europeia.
