há cerca de dez anos, a fundação stanley ho decidiu investir na produção de vinhos, criando dois projectos de raiz em duas das suas propriedades, uma em colares e outra em canha, perto de pegões. a mais pequena, a de colares, tinha na altura oito hectares sem qualquer aproveitamento agrícola. os solos pobres de natureza arenosa, a proximidade do mar, a temperatura amena ao longo do ano e a humidade relativa elevada, levaram a que os responsáveis aí plantassem castas como pinot noir, verdelho e alvarinho. mas esta aposta tinha também outro objectivo. numa região onde a pressão imobiliária ‘come’ toda a terra disponível, esta serviria como mais uma zona tampão.
já na outra propriedade, em canha, a herdade de vale cebolas tem 317 ha e aí existia uma plantação de eucaliptos, sobreiros e pinheiros. «como tenho uma grande embirração com os eucaliptos, mandei cortar vinte e tal hectares e tivemos de refazer a terra toda», diz-nos carlos monjardino, administrador da fundação stanley ho. foram conservados apenas os sobreiros e os pinheiros e plantaram-se 35 ha de vinha com as castas touriga nacional, syrah, trincadeira preta, touriga franca e petit verdot. nesta herdade, parte da uva é vendida a outros produtores de forma a cobrir custos fixos, mas segundo carlos monjardino «este é um projecto cultural. não é um negócio. mas é claro que gostaríamos que isto viesse a ser rentável».
é desta propriedade que hoje apresentamos um vinho, o stanley reserva 2009, produto de uma vinha plantada em solos arenosos e que pela sua localização nos oferece néctares delicados e ricos em cor e aromas. as uvas foram fermentadas em cubas de inox e estagiaram em barricas de carvalho francês durante 12 meses, tendo sido engarrafado em julho de 2011. foram lançadas no mercado 3.300 garrafas e a longevidade prevista é de dez anos após o engarrafamento.
quanto à vinha de colares temos aqui um branco stanley chardonnay 2011 e um espumante bruto reserva 2009. no que se refere ao vinho branco, revela aromas de frutos tropicais, é muito fresco e macio na boca. foram engarrafadas 6.000 garrafas em junho de 2012 e pode ter guarda no máximo até cinco anos. já o champanhe rosé apresenta bolha fina, muita frescura e um longo final de boca.
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