Proposta final à TAP é ‘muito agressiva’ e ‘melhor’ que a inicial

A proposta final do grupo Synergy para a compra da TAP é “muito agressiva” e “melhor” do que a oferta da fase inicial, afirmou German Efromovich, remetendo para o Governo a divulgação dos valores que estão em cima da mesa.

Em entrevista à Lusa, na sede da Avianca, na capital da Colômbia, o dono do grupo Synergy garantiu que a proposta entregue, na passada sexta-feira, para a aquisição de 95% do capital da companhia aérea é “muito agressiva”, tendo em conta “a dívida” da TAP.

“É uma proposta que levaria muita gente a nos qualificar de malucos por causa do endividamento da companhia, da situação que estamos a viver na Europa e das previsões sobre o futuro da aviação comercial em função da crise mundial”, disse, recusando-se a divulgar os valores e rejeitando números, entretanto, divulgados pela imprensa.

O empresário sustentou que “o único que se pode pronunciar a respeito da proposta é o Governo”, aludindo ao contrato de confidencialidade com o Estado português.

O dono da operadora aérea Avianca rejeitou ainda uma descida do valor da TAP face à proposta não vinculativa, considerando que, “pelo contrário, [a proposta final] é melhor”.

“Não houve alteração se compararmos o que ocorreu na fase de descobertas da ‘due dilligence’ [processo de análise e auditoria das informações de uma empresa]. Muito pelo contrário, ela é bem melhor”, declarou, recusando-se também a explicar a que “descobertas” se referia.

Se a compra da TAP se concretizar, acrescentou, “é preciso investir” sobretudo para renovar a frota, cuja vida média ronda os 10 a 12 anos, estando em muitos casos ultrapassados do ponto de vista tecnológico.

Sobre a palavra “negociação”, German Efromovich nem quis abordá-la na entrevista à Lusa, duvidando que o Governo se tenha manifestado contra a proposta, que “seria um equívoco não aceitar”.

“Duvido que a manifestação seja de descontentamento, mas de júbilo”, contrapôs, realçando que a privatização será uma oportunidade de gestão “mais eficiente sem necessidade de pôr dinheiro do bolso do contribuinte e sem perder soberania”.

A obrigação de manter as acções durante um período de dez anos, decisão do último Conselho de Ministros, não preocupa o empresário, alegando que quer comprar a companhia “para ficar e, por isso, não é um problema”.

A partilha da estrutura accionista com os trabalhadores – que terão possibilidade de ficar com 5% do capital – também é “bem-vinda”, realçando que a estratégia passa por “a curto prazo” abrir o capital para “ajudar a financiar a TAP com investidores privados”.

“Quando entrarmos, vamos ver qual é a melhor maneira e qual o melhor prazo”, explicou, remetendo também para uma fase posterior a análise de eventuais parceiros, que tragam valor para a TAP.

Lusa/SOL