O testemunho de uma época

A Quinta do Vallado acaba de lançar um Porto velhíssimo (1866), o Adelaide Tributa, em honra do bicentenário do nascimento de D. Antónia Adelaide Ferreira, mulher que colocou o Douro vinhateiro no mapa.

estamos na presença de um vinho único, raríssimo, produzido no ano de 1866 a partir de videiras pré-filoxéricas e ainda com d. antónia adelaide ferreira, a célebre ferreirinha, em vida.

o nome que lhe foi dado – adelaide tributa – é uma homenagem ao bicentenário do nascimento desta admirável mulher, tetravó dos actuais administradores da quinta do vallado, e que foi um exemplo de entrega e bandeira de toda a região do douro.

este vinho do porto velhíssimo provém de um lote original de cinco pipas de castanho de 600 litros de capacidade e que, neste seu longo estágio em ambiente favorável e por concentração, deu origem a apenas duas pipas de 550 litros.

elaborado a partir de uma mistura de variedades típicas da região do douro, na zona de covinhas (tinta roriz, tinta amarela, touriga franca, barroca, touriga nacional e outras), foi engarrafado numa série limitada de 1.300 decanters originais de cristal, sem recurso a qualquer refresco ou correcção de aguardente.

tem uma cor extremamente sedutora, a fazer lembrar mogno e com laivos esverdeados quando o copo é agitado, sinal evidente da idade do vinho.

no seu aroma ressaltam as notas a frutos secos como figos e amêndoas. na boca, torna-se untuoso e denso e com um final admirável.

a embalagem do adelaide tributa (uma caixa de madeira) foi desenhada com base no projecto da cave de barricas da quinta do vallado, cujo interior se assemelha a um túnel e o exterior a um paralelepípedo, e é revestida por placas de xisto, rocha predominante no vale do douro. o seu autor foi o arquitecto francisco vieira de campos.

este vinho do porto, autêntico testemunho de uma época, revela-se uma excelente opção para uma especial noite de natal. l

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