Concessão da ANA: Taxas em Lisboa poderão subir 14%

O presidente da Confederação do Turismo Português, Francisco Calheiros, revelou hoje no Parlamento ter sido informado pelo Governo que a privatização da ANA poderá fazer subir as taxas aeroportuárias até 14% em Lisboa e baixá-las 25% na Madeira.

em declarações na comissão parlamentar da economia e obras públicas sobre os processos de reprivatização da tap e de privatização da ana requerida pelo partido socialista, francisco calheiros indicou que foi recebido na semana passada por sérgio monteiro, secretário de estado dos transportes, que terá indicado estar previsto no caderno de encargos para a concessão da ana que as taxas aeroportuárias poderão subir no aeroporto de lisboa até um limite máximo de 12 a 14%, sendo que irão manter-se no porto, e baixar 25% “num dos aeroportos mais caros da europa”, na expressão de calheiros, que é o aeroporto da madeira.

as taxas aeroportuárias “são claramente um factor diferenciador numa de duas empresas absolutamente estruturais para o turismo português e preocupa-nos o facto das taxas do aeroporto de lisboa possa subir na ordem dos 12 a 14%. não está decidido, mas é um limite que está previsto e poderá vir a acontecer”, indicou o presidente da ctp, à margem da audição.

as taxas relativas ao novo aeroporto de lisboa não foram consideradas na reunião entre sérgio monteiro e a ctp. “não entra nestas contas, do que se falou foi da concessão”, disse calheiros.

quanto à privatização da tap, francisco calheiros defendeu perante os deputados que a opção por um comprador não europeu serve melhor os interesses do país. “a questão do hub” em lisboa poderia estar posta em causa com um comprador europeu, e “com este candidato essa questão poderá não estar em causa”, considerou.

“pior do que a avianca seria uma companhia europeia [comprar a tap]. porque o hub é uma das questões fundamentais para a privatização da tap e numa ibéria ou lufthansa isso poderia estar em perigo. poderia haver a tentação de deslocalizar para madrid esse hub”, apontou.

por outro lado, o presidente da ctp valorizou a capacidade de investimento como factor importante na escolha de um comprador, assinalando perante os deputados o trajecto de gérman efromovich, dono da companhia aérea colombiana, avianca, no crescimento desta companhia.

“não temos a notícia de que este comprador não é credível. sabemos que é um ‘self made man’, mas que fez um trabalho bastante positivo na avianca. veja-se o que era a avianca antes de ser comprada [por efromovich] e o que é agora”, apontou francisco calheiros.

na “opinião” deixada pela ctp no parlamento, “a questão determinante” no potencial comprador é a sua capacidade de investimento, pelo que francisco calheiros sugere que o governo lhe faça uma pergunta “fundamental”: “explique, provando, que capacidade tem para renovar a frota da tap e poder aumentá-la.”

“nós sabemos que a tap tem neste momento capacidade para crescer, para crescer precisa de mais equipamento, e para haver mais eq1uipamento é preciso haver mais investimento”, disse calheiros.

quanto a gérman efromovich, na perspectiva da ctp, a tap está a disputar “um mercado muito interessante que é esta franja da europa com toda a américa latina e, se houver capacidade de investimento, ele [efromovich] poderá enfrentar os maiores concorrentes e ser muito forte”, disse aos deputados.

finalmente, em relação à necessidade de privatização da tap e ao preço, a ctp faz eco da argumentação do governo. calheiros sublinhou o facto da situação financeira da companhia ser “muito débil” e de estado, segundo as directivas comunitárias europeias, não pode ajudar. “portanto tem que ser privatizada”, concluiu.

“quanto ao preço, se uma empresa perde dinheiro há muitos anos, não há-de ser muito grande”, sustentou o líder da confederação.

(notícia actualizada às 12h40.)

lusa/sol