Segredos da Grande Guerra saem do baú

Exército vai desclassificar documentos, lançando as comemorações    nacionais do Centenário da Guerra Mundial de 1914-18.

mal preparados, mal equipados,
analfabetos e desmotivados. é assim que têm sido descritos os militares
portugueses que participaram na i guerra mundial, em que portugal perdeu cerca
de 21 mil jovens em poucos meses apenas na flandres. a história do corpo
expedicionário português é uma história trágica, que será em breve conhecida em
pormenor.

o exército está a preparar a
desclassificação de vários documentos sobre este período, numa altura em que já
foi constituída a comissão encarregue de preparar as cerimónias do centenário
da grande guerra. o primeiro passo é analisar a documentação existente no
arquivo do exército: relatórios militares, cartas e imagens. de acordo com a
lei em vigor, a competência para a desclassificação dos documentos é da
entidade que tenha procedido à classificação definitiva.

o corpo expedicionário
português (cep) foi criado em julho de 1916, na sequência de um pedido da
grã-bretanha a portugal. embarcaria em fevereiro seguinte para frança, tendo
ocorrido a 9 de abril a célebre batalha de lalys, em que o cep foi dizimado
pelas tropas alemãs naquela que foi a maior derrota dos portugueses desde
alcácer-quibir.

segundo estudos sobre a i
guerra mundial, o governo não conseguiu 
assegurar a rotação da força porque não tinha meios navais para o fazer
e o comando não tinha oficiais preparados. a divulgação pública do arquivo do
exército vai permitir saber ao certo as condições em que o contingente
português se encontrou e a sua relação com o poder político.

o ministro da defesa,
aguiar-branco, nomeou no final de novembro a comissão coordenadora das
evocações do centenário da i guerra mundial, presidida por um general do
exército.

segundo o despacho do governo, o objectivo é
assinalar
«o importante significado que a i guerra mundial
teve na história contemporânea portuguesa, com reflexos sociais que excederam
largamente o campo militar»
. lembrando os
«milhares de
mortos, feridos e prisioneiros»
, aguiar-branco lembra que portugal mobilizou cerca
de 160 mil homens na europa e nas ex-colónias.

helena.pereira@sol.pt