de que fugimos? para onde fugimos? por que fugimos? todas estas questões são colocadas por victor hugo pontes, numa obra que conta com cinco intérpretes em palco e trabalha com «a palavra, o movimento e os materiais para comunicar uma ideia». diariamente o homem é colocado «em situações das quais quer fugir», sobretudo «no momento em que estamos, vivemos a pensar se ficamos ou se vamos». mas mais do que estes fantasmas exteriores à sua existência, o ser humano foge de si mesmo – foi esta a conclusão a que o artista plástico, encenador e coreógrafo chegou durante o processo criativo deste espectáculo. em fuga sem fim faz-se um «simulacro da realidade» na procura de uma saída para esta incessante fuga.
a parceria entre victor hugo pontes e joão paulo serafim nasceu em 2007, quando juntos criaram o espectáculo ensaio, baseado em textos de susan sontag. ficou, desde então, o desejo de voltarem a criar juntos, numa ideia lançada por serafim – a fuga. com o desafio da companhia instável surgiu a oportunidade ideal para montar este espectáculo, cuja estreia aconteceu em novembro de 2011, em guimarães.
mais de um ano depois, fuga sem fim volta a palco, desta vez na culturgest, em lisboa, naquilo que victor hugo pontes considera uma ‘restreia’ muito desejada: «é ingrato dedicar meses a criar um espectáculo e depois ter tão poucas oportunidades de o apresentar», desabafa. mas, diz, em portugal, a vida dos espectáculos de dança é sempre «excessivamente curta».