se o objectivo é reduzir, de forma permanente, 4 mil milhões de euros na despesa do estado e sabendo-se que as pensões e os salários dos funcionários públicos somam, por si sós, mais de 70% dessa despesa, é mais do que inevitável ser aí que irão incidir os cortes mais dolorosos. o estudo não traz boas notícias, mas não há muitas alternativas à terapêutica do fmi, ainda que ela vá representar, para a maioria dos portugueses, a descida de mais uns degraus na escala do empobrecimento e da redução do nível de vida.
cortar 15% a 20% nas pensões mais altas, acabar com regimes especiais de pensionistas, aumentar a idade da reforma, reduzir 70 mil ou 100 mil funcionários públicos (metade dos quais no sector da educação), congelar de vez os 13.º e 14.º meses – na verdade, não se vêem muitas variantes a esta medicação, se a intenção é mesmo a de cortar 4 mil milhões de euros na despesa anual do estado.
e é pena que seguro e o ps se tenham, de imediato, posto de fora deste debate. porque o ps tem larguíssimas culpas na situação em que deixou cair o país. porque os portugueses gostariam de saber se seguro tem alguma proposta de redução da despesa, séria e concreta, em alternativa à receita que é sugerida pelo fmi. e se tem coragem política para a apresentar e assumir.
oestudo do fmi levanta outras questões políticas. como a de tornar claro que a tão discutida constitucionalidade de algumas medidas do orçamento para 2013 é uma gota de água, para o tribunal constitucional, face a este dilúvio de cortes que se avizinha…
falta saber até que ponto o crescendo de conflitualidade social e política irá permitir, ou inviabilizar logo à partida, a aplicação de tão violento plano. no que respeita à maioria, ficou a perceber-se que passos coelho, além do défice de coordenação política do governo, de novo patente na forma atabalhoada como o estudo do fmi surgiu , tem cada vez menos mão na coligação e no próprio psd. a desastrada intervenção de carlos moedas, o distanciamento de mota soares e demais cds ou as críticas de carlos carreiras, entre outros psd, são a imagem do desnorte que se vive na coligação. como alguém diria, um ciclo vicioso de desnorte. vicioso e preocupante.
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