Dito&Feito

Passos Coelho foi no domingo ao encerramento do Congresso do PSD-Açores, onde lembrou ao PS que considera estar «mais do que mandatado», pelo voto dos portugueses, para levar à prática as reformas necessárias à redução dos tão falados 4 mil milhões de euros na despesa do Estado.

e deixou ainda um reparo a alguma oposição, que sabe «apenas cavalgar a insatisfação ou as dificuldades» criadas pela crise.

passos poderia estar a pensar na oposição de mota amaral que, no dia anterior e exactamente no mesmo púlpito do congresso do psd-açores, foi clamar que «portugal está assustado» com as sucessivas doses de austeridade, que «existem outros caminhos» e não nos devemos «fixar numa espécie de corrida louca para o abismo», ou que o governo não precisa de ir mais além do memorando da troika nem de «ser mais papista que o papa». se tivesse chegado um dia mais cedo aos açores, passos teria gostado de ouvir em directo esta intervenção.

na mesma senda, aliás, mota amaral já escrevera, dias antes, um artigo de jornal no qual salientava que «basta ter os olhos abertos para comprovar o alastramento de uma verdadeira catástrofe» pelo país, acrescentando que os impostos do oe para 2013 apenas vão «reduzir contribuintes à insolvência, fazer falir muitas empresas e aumentar o desemprego». antónio josé seguro não diria melhor.

mas de seguro encarregou-se um outro líder açoriano, que não mota amaral. foi o socialista carlos césar quem também apareceu, por estes dias, a estipular que «antónio josé seguro tem feito um bom esforço, é certo, mas sem bons resultados». simpático e fraternal.

porquê estes maus fígados dos ex-líderes açorianos? será apenas o tédio e a frustração de estarem politicamente desocupados, após 20 anos e 16 anos, respectivamente, à frente do poder açoriano? será um protesto simbólico contra as restrições da nova lei das finanças regionais? ou será fruto da indignação, na sua condição de aposentados, contra um orçamento em que «os reformados são discriminados negativamente» e «sujeitos a um ‘imposto de classe’ desigualitário e excessivo», como diz belém?

jal@sol.pt