Italiano enviou imagem falsa de Chávez para revelar ‘jornalismo frágil’

Tommasso Debenedetti ficou conhecido como o homem que ‘matou’ várias figuras públicas na Internet. Com contas falsas nas redes sociais, o italiano já espalhou a notícia da morte de JK Rowling, Mikhail Gorbachev, Fidel Castro e do Papa. Agora conseguiu fazer chegar uma imagem falsa de Chávez internado a três agências noticiosas sul-americanas, que acabou…

o diário espanhol, depois de perceber o erro, ordenou a retirada da sua edição desta quinta-feira das bancas e reimprimiu uma nova com uma nota de pedido de desculpas aos leitores. debenedetti confessou mais tarde ter enviado a imagem, retirada de um vídeo do youtube de 2008, às agências fazendo passar-se pelo ministro da cultura venezuelano, para mais uma vez pôr em evidência as «fragilidades» da imprensa que cada vez mais é susceptível de ser enganada com a «urgência de querer divulgar informações».

as histórias em torno deste professor de literatura italiano começaram recentemente mas já deram que falar. como forma de fazer notar que os jornalistas de hoje se fiam no twitter como se se tratasse de uma agência noticiosa fidedigna, debenedetti divulgou a notícia de alguns óbitos que, apesar de falsos, foram reproduzidos nas contas de jornalistas e chegaram mesmo a alguns meios de comunicação social.

primeiro, criou uma conta falsa a fazer-se passar por john le carré e, quando percebeu que tinha seguidores como jornalistas de importantes publicações, anunciou a morte da autora de harry potter. a publicação foi partilhada por centenas de pessoas e uma televisão no chile chegou a dar a notícia.

«a morte funciona bem no twitter», considera debenedetti, que sublinha que «o jornalismo funciona a alta velocidade». «uma informação falsa é difundida exponencialmente e quando, por exemplo, um jornalista do new york times reenvia uma mensagem de twitter, atribui-se-lhe credibilidade. no fim, toda a gente esquece a fonte original», disse o italiano à afp na altura.

depois de jk rowling, o italiano repetiu a façanha com mikhail gorbachev, fidel castro e com o papa. mas debenedetti acredita que as mentiras não prejudiquem os visados, visto que desmente sempre as informações no espaço de uma hora. no caso da imagem de chávez parece não ter ido a tempo de evitar o pior. «nunca pensei que a fotografia fosse publicada pelo el país».

andreia.coelho@sol.pt