apesar dos sinais positivos dados pelos parceiros europeus, o processo está longe de ser simples ou de sucesso garantido. a concessão de mais tempo para pagar as dívidas aos fundos europeus de resgate terá de ser votada por unanimidade pelos 17 parceiros do euro para a parcela do feef (um dos dois fundos da ue_que assiste portugal). depois, é necessária a aprovação de três parlamentos: alemão, finlandês e holandês.
fonte próxima das negociações adiantou ao sol que tecnicamente o processo não é fácil e só na reunião do eurogrupo de março – a realizar dia 4 – deverá sair uma decisão final. a troca de mais tempo por um juro mais alto não está para já descartada.
a mesma fonte adiantou que o ministro das finanças, vitor gaspar, pediu um adiamento do prazo não de todos os empréstimos dados pela comissão europeia, mas apenas aqueles que vencem em 2016 e 2021, dois anos em que as amortizações atingem um máximo (ver quadro). gaspar terá justificado a necessidade de aliviar o peso destes pagamentos sob o risco de portugal voltar a ficar sem acesso aos mercados financeiros nesses dois anos.
os empréstimos em questão são relativos às primeiras tranches dadas pela troika em junho de 2011, as mais avultadas e com prazos mais curtos. para o feef, portugal pediu um adiamento do reembolso de um empréstimo de 3,7 mil milhões de euros que vence em 2021 e outro de 2,2 mil milhões de euros, com maturidade em 2016. em discussão está também o prolongamento das tranches de 4,75 mil milhões e de 5 mil milhões de euros entregues pelo meef, com vencimento em 2016 e 2021, respectivamente. contas feitas, o objectivo é aliviar o pagamento de sete mil milhões de euros em 2016 e de oito mil milhões cinco anos depois. segundo as regras dos dois fundos de resgate europeus, existe margem para estender o prazo de pagamento dos empréstimos até 30 anos, algo que não existe nos instrumentos oferecidos pelo fmi.