todos sabemos que está para acontecer um congresso do partido socialista que ainda não foi marcado. a questão que se coloca – entre outras – é saber se ocorrerá antes ou depois das eleições autárquicas. o anterior foi em 2011, a eleição directa do líder em julho e o congresso propriamente dito em setembro. compreende-se que não seja bom fazer um congresso ‘em cima’ de um acto eleitoral. a decisão tem de ser antecipar ou adiar.
adiá-lo para depois poderá significar para alguns um sinal de receio. mas, tendo em conta que o prognóstico para as autárquicas é uma vitória do ps, convém aparentemente a seguro fazer o congresso depois de outubro. só que há outro dado a considerar: se antónio costa obtiver uma vitória expressiva em lisboa, ele aparecerá com um capital político reforçado. embora isso ainda dependa das inevitáveis comparações com o porto, com sintra e com outras autarquias significativas. se acontecer uma onda de vitórias do ps pelo país (o que não é seguro!…), o brilho de uma reeleição em lisboa ficará diminuído. como se vê, há aqui muitas incógnitas a ponderar – e a condicionar as opções políticas.
o que parece mais ou menos óbvio é que antónio josé seguro tem brandido alguma antecipação de calendários.
sendo assim, será lógico que clarifique, também, a situação interna no seu partido. o que se passa no ps não é culpa sua. coube-lhe suceder a um líder (josé sócrates) que, com mais qualidades ou mais defeitos, foi marcante. e tem um ‘camarada’ (antónio costa) que é, neste momento, o socialista com mais importantes funções políticas no estado: a presidência da câmara de lisboa.
é muito difícil alguém querer ser alternativa para a chefia do governo havendo dúvidas sobre se é o líder mais desejado no seu próprio partido. até aqui, pelas regras democráticas, é. ganhou a eleição e o congresso, em 2011. mas antónio costa não foi a votos e resguardou-se. um género do que fez durão barroso em 1996, quando foi para os estados unidos estudar e ‘deixou’ marcelo avançar em santa maria da feira. só que há uma pequena diferença: marcelo era, em teoria, do mesmo lado que barroso, enquanto seguro é adversário crónico de costa.
não é fácil, nem para um nem para outro. seguro tem de decidir a data do congresso e costa tem de decidir se, desta vez, avança mesmo. e, se não for outra vez a votos, pode acontecer-lhe o que sempre se disse de marcelo rebelo de sousa, a propósito de encontros e desencontros com a história.
o regresso aos mercados
as notícias das últimas semanas sobre portugal, a dívida e os mercados são, sem dúvida, positivas.
o governo tem o seu próprio caminho. lembremo-nos de que, aqui há semanas, quando foi anunciada a reestruturação da dívida da irlanda, juncker disse que portugal merecia o mesmo tratamento. portugal concordou e logo veio o ministro das finanças da alemanha dizer que não era possível.
passaram estas semanas e as coisas mudaram. lembram-se do que passos coelho e vítor gaspar ouviram na altura por se terem atrevido a exprimir essa pretensão? e quem mudou agora? o governo português não foi. o conselho do eurogrupo, talvez sim.
mas a mudança não foi má. ter sido anunciado logo na ocasião significaria, talvez, uma pressa excessiva, que poderia transmitir uma sensação de facilitismo que, de todo em todo, era de evitar. e atenção: isto acontece depois de os juros da dívida terem insistentemente baixado nas últimas semanas. as condições são outras e evoluíram de tal modo que portugal já foi esta semana ao mercado primário.
sportinguistas no porto
o fc porto está no seu papel de querer jogadores do sporting. o que está mal é o sporting deixá- los sair. principalmente, jogadores formados nas suas escolas. ver joão moutinho, varela, izmailov e liedson no porto é, pelo menos, insólito. de todos, custam-me sobtretudo os casos dos dois primeiros. e custa, principalmente, ver o nível a que chegaram no clube azul e branco. que motivo explicará tais diferenças?
estou à vontade, porque nunca pensei que joão moutinho se conseguisse impôr deste modo. mas eu não sou técnico, enquanto no sporting deve haver muitos que tinham a obrigação de alertar para a sua potencialidade.
outro caso que todos nos lembramos ainda é paulo futre. e depois temos simão sabrosa e carlos martins, para já não falar das estrelas que foram para o estrangeiro, como luís figo, cristiano ronaldo ou nani. como é possível?
a grande mudança no sporting tem de começar por aí: a proibição de saírem jogadores da formação que já tenham sido internacionais ou o equivalente.