SOL
Maria Luís Albuquerque
Foi a melhor semana, desde há muito, para o Governo, no meio de um cenário depressivo e recessivo: a emissão de dívida nos mercados registou uma procura de mais de 12 mil milhões de euros, com juros abaixo dos 5%; os dados da execução orçamental confirmam que é cumprida a meta do défice de 2012 no limiar dos 5% do PIB; e o Eurogrupo abriu a porta ao alargamento dos prazos de pagamento da dívida. Com este raro conjunto de boas notícias, que desanuviam o ambiente político e ajudam a recuperar a confiança dos portugueses, Passos Coelho e Vítor Gaspar decidiram dar todo o palco mediático à secretária de Estado do Tesouro para as anunciar ao país. E capitalizar as boas novas. O que confirma o peso crescente que ela vem assumindo no Governo.
&SOMBRA
Jardim Gonçalves
O ex-presidente do BCP viu o tribunal confirmar a multa de 1 milhão de euros a que tinha sido condenado pela CMVM. E a sua reforma milionária de 165 mil euros mensais, a par com as de algumas dezenas de ex-banqueiros que agora se vêm queixar ao provedor de Justiça dos cortes nas suas pensões de luxo, continua a ser alvo de um coro de críticas neste momento de crise do país. Até para ele, a vida não está fácil.
Miguel Relvas
A privatização da RTP transformou-se numa telenovela desconchavada, com constantes recuos e contradições, que apenas tem servido para desgastar a imagem do Governo e desautorizar tanto o primeiro-ministro (que já prometeu e desprometeu, várias vezes, soluções e prazos de decisão) como, em especial, o ministro dos Assuntos Parlamentares. Que fizera da RTP uma das suas bandeiras reformistas e viu as propostas que apresentou serem chumbadas em Conselho de Ministros. Passos deixou que o seu ministro fosse derrotado pelo CDS. O que tem óbvio significado político.
António José Seguro
Só lhe faltava mesmo aparecer, na semana em que o Governo teve melhores notícias, a falar em eleições, a pedir maiorias absolutas e a prometer Governos-maravilha. Também faltou à verdade ao dizer que o alargamento no pagamento da dívida era o mesmo que ele há muito pedia (queria, sim, o alargamento do programa da troika). E já vê o próprio PS a pôr em causa a fragilidade balofa da sua liderança.