não foi com certeza pelo seu estatuto de topo de gama da quinta dos carvalhais, nem pelo facto de ser considerado um embaixador da qualidade dos vinhos do dão. eliminadas as várias hipóteses, acredito que a grande razão para o nome esteja num homem e no seu sonho. falo do enólogo manuel vieira e da sua promessa de fazer um vinho de excepção que veria a luz do dia somente em anos absolutamente extraordinários. e se no douro já há um, também da sogrape, que cumpre este desígnio (o barca-velha), faltava a companhia de um grande vinho do dão, aqui, de facto, o único. mas também há uma outra razão escondida, esta de índole bem mais emocional. com efeito, este terá sido o último vinho da completa responsabilidade de manuel vieira, que agora se vai reformar, ficando no entanto como consultor a ensinar muita da sua experiência à jovem enóloga beatriz cabral de almeida.
depois de provado, o que nos diz este único de 2009? antes de mais, convém relembrar que foi um ano de grande qualidade, com presença constante de água no solo e alternância entre noites frias e dias quentes registadas em agosto e setembro, que deram origem a excelentes uvas com relevância para a casta touriga nacional.
depois de estágio de 12 meses em barricas novas de carvalho francês, o único apresenta-se com cor violácea, revela notas de frutos vermelhos e pretos e encontramos aromas de especiarias. quando chega à boca, mostra os seus taninos e exibe boa acidez e estrutura intensa com um final longo.
com excelentes aptidões gastronómicas, o único 2009 é ideal para acompanhar carnes com muito tempero, caça e queijos de sabor intenso. e como é único, brindemos à sua singularidade e à equipa que o criou, especialmente ao homem que o sonhou, manuel vieira. l
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