Dito&Feito

A coerência política do CDS e o apego aos princípios do partido de Paulo Portas não poderiam ficar melhor demonstrados do que neste lançamento de candidaturas autárquicas.

no final de outubro, o cds do porto recusou o apoio à candidatura de luís filipe menezes pelo psd, com base em dois argumentos: o seu incontrolável despesismo ao estilo socratista, bem patente na enorme dívida que deixa na câmara de gaia, e a lei da limitação de mandatos que menezes já atingiu. «a política de menezes não seria benéfica para o porto e resultaria num claro retrocesso para a cidade», opinou a concelhia do cds. «a cidade do porto e o país não têm dinheiro para este tipo de gestão», acrescentou a distrital portuense do cds. sem se esquecer de invocar «a degradação da vida política» que representaria o desrespeito à lei de limitação de mandatos.

mas se o cds do porto não pode ver menezes à frente, o cds de gaia, ali mesmo ao lado, assinava, dias depois, um novo acordo eleitoral com menezes. confusos? não tanto como nuno melo que celebrou um entendimento autárquico com o psd a nível nacional, mas excluiu o caso do porto. insistindo que, para o cds, «o limite de três mandatos se refere ao candidato e não ao território em que concorre».

acontece que é o mesmo cds que agora apoia a candidatura de fernando seara pelo psd a lisboa. seara que, tal como menezes, já atingiu o limite de três mandatos confusos? não tanto como telmo correia, que veio avisar que, até agora, «não há qualquer deliberação dos órgãos do partido» sobre tal questão. o que deixa aberta a porta a tudo e ao seu contrário. como o cds faz questão de demonstrar.

mas a cereja no topo do bolo autárquico do cds é, agora, a candidatura do desenterrado avelino ferreira torres no marco de canaveses. avelino, recorde-se, reúne todas as razões para o cds rejeitar qualquer apoio: excede qualquer limite de mandatos, pois foi eleito sete vezes consecutivas; quanto a despesismo e questões afins, já foi condenado em tribunal por peculato e abuso de poder.

e, como se não bastasse, ainda concorreu em 2009 como independente contra a lista do cds. confusos? não tanto, por certo, como paulo portas e o próprio cds.

jal@sol.pt