esta possibilidade abre-se com os sinais de flexibilização dados, nas últimas semanas, tanto pela comissão europeia como pelo fmi, e da mudança de discurso, em termos gerais, sobre a receita na solução para a crise do euro.
de uma posição inflexível sobre o nível de austeridade e o cumprimento de metas orçamentais, os credores externos passaram a autorizar derrapagens de défices, medidas extraordinárias, descidas de juros e a admitir, por fim, que é mesmo necessário colocar um travão nas políticas severas.
só desde o início do ano, a troika decretou que não vai exigir mais austeridade à grécia nos próximos seis meses. o fmi sugeriu à irlanda que abrande a fórmula de rigor este ano se a economia desacelerar, ao mesmo tempo que alertou o reino unido que o plano de aumento de impostos e cortes na despesa do estado, previsto por londres, poderão ser «um grave erro». e bruxelas decidiu que vai autorizar, pelo segundo ano consecutivo, a derrapagem do défice a espanha, bem como aliviar as exigências à banca europeia para estimular o crescimento.
o tempo dirá se as mudanças de atitude na troika serão temporárias ou para ficar. o novo discurso mais pró-crescimento e a abertura a novas flexibilizações decorrem, em parte, do efeito das eleições alemãs em setembro, adianta uma fonte comunitária ao sol. a política de bruxelas – dominada por angela merkel – vai querer passar a imagem ao longo do ano de que o euro foi salvo, que as economias da periferia estão mais disciplinadas e que a economia não está de rastos. por isso, a mesma fonte admite que se multipliquem as mensagens de bruxelas de que o pior já passou e sejam concedidas novas facilidades aos países. o eventual alívio do plano de 4 mil milhões de cortes no estado é um candidato.
as previsões económicas vão ser revistas já na próxima visita da troika e a estimativa de queda do pib de 1%, feita pelo governo, poderá cair para o patamar mais próximo do avançado pelo banco de portugal e ocde (1,9% e 1,8%, respectivamente).