um novo relatório desta ong que se bate desde 1979 por sociedades «democráticas, que respeitam os direitos humanos» garante que a central intelligence agency (cia) teve a colaboração de dezenas de governos que levaram a um programa de detenções «secretas e ilegais» à escala mundial e que recorreram a métodos de tortura em detidos que não tinha sequer sido alvo de acusações na justiça.
«portugal autorizou a utilização do seu espaço aéreo e dos seus aeroportos em voos de rendição da cia», aponta o relatório, que elenca a mais completa lista dos países que ajudaram os eua a transportar suspeitos de terrorismo após os ataques de 11 de setembro, para serem interrogados e torturados.
o relatório faz ainda uma série de recomendações que devem ser seguidos pelos 54 países listados, entre os quais figuram, além de portugal, alemanha, argélia, austrália, áustria, bélgica, canada, croácia, chipre, republica checa, grécia, dinamarca, egito, finlândia, hong kong, islândia, irão, itália, jordânia, líbia, marrocos, paquistão, polónia, arábia saudita, áfrica do sul, espanha, suécia, síria, turquia ou reino unido.
«o programa tinha a intenção de proteger a américa. mas, como descreve o relatório da iniciativa para a justiça da open society, o programa violou as pessoas nos seus mais básicos direitos, permitiu formas horrendas de tortura, deteve muitas vezes as pessoas erradas e manchou a reputação dos estados unidos no respeito pelos direitos humanos», pode ler-se no comunicado publicado no site da ong.
a organização refere que até agora nem os eua nem os outros 54 países envolvidos reconheceram a sua participação nestes programas, compensaram as vítimas ou acusaram os responsáveis pelas detenções.
o relatório revela que pelo menos 136 pessoas foram detidas ilegalmente com a conivência de 54 estados que colaboraram no seu transporte e detenção, como é o caso da itália, polónia e suécia, onde há relatos de pessoas detidas em solo europeu e levadas secretamente para priões no egipto ou líbano. nestas prisões, a tortura estava autorizada e oficializada por ordens do departamento de justiça da administração bush.