Dito&Feito

Por maior ou menor que seja o unanimismo circunstancial na Comissão Nacional do próximo domingo, o PS vai sair dessa reunião politicamente mais fragmentado.

com data marcada tanto para as eleições directas do secretário-geral como para o congresso de encenada unidade que se seguirá um mês depois. mas com um líder, antónio josé seguro, mais enfraquecido por ter cedido parte das suas competências e da sua autoridade ao aceitar a insólita imposição de uma espécie de programa comum por parte daqueles que o querem tirar do lugar. e com um há muito anunciado candidato à liderança, antónio costa, menos respeitado por mais uma vez ter recuado na véspera do confronto, para desilusão dos seus apoiantes e fúria dos seus aliados.

antónio costa tentou justificar, numa longa entrevista, o seu surpreendente pára-arranca-pára com vista à liderança. e deixou um diagnóstico: «o ps não está bem, tem um problema interno, tem hoje um problema de afirmação na sociedade portuguesa». hoje? costa esquece que há, pelo menos, um ano e meio, quando sócrates conduziu o país à bancarrota e o partido ao descrédito político, ficou patente o gravíssimo problema de afirmação do ps junto dos portugueses: traduzido num humilhante resultado eleitoral abaixo dos 30%.

costa assegura ainda que, ele e seguro, não andam «a discutir lugares», mas sim «um documento que nos permitirá expressar uma convergência sobre a estratégia do partido». é uma forma algo farisaica de disfarçar a luta pelo poder. no fundo, tudo parece resumir-se a uma reabilitação do consulado de sócrates promovida por costa. que chamou, entre outros, o socratista-mor pedro silva pereira para a redacção de tal documento. e a verdade é que antónio costa, acusando seguro de não se definir em relação ao legado do anterior líder, nunca fez ele próprio um balanço sério e crítico dos erros e irresponsabilidades do socratismo. até hoje.

antónio josé seguro, por seu lado, garante na sua ingenuidade que «não há condições nem exigências» colocadas por costa. mesmo sabendo que passará a exercer uma liderança tutelada em permanência pela sombra do pretendente. uma liderança supervisionada, a cada omissão táctica ou erro estratégico, nos corredores do largo do município.

jal@sol.pt