Argélia mostrou ‘determinação’ contra terroristas em In Amenas

A embaixadora da Argélia em Lisboa considerou que o seu país mostrou “determinação” na luta antiterrorista ao intervir militarmente no complexo de gás de In Amenas e, apesar da morte de 38 reféns, sublinhou que muitas vidas foram salvas.

no passado dia 16 de janeiro, um comando islamita atacou um complexo de exploração de gás na localidade argelina de in amenas, fazendo reféns centenas de trabalhadores, muitos dos quais estrangeiros.

forças especiais argelinas recuperaram, três dias depois, o controlo do local e puseram fim ao sequestro. pelo menos 38 reféns foram mortos, 37 dos quais estrangeiros, um balanço que valeu algumas críticas à actuação argelina.

“o nosso exército fez o que pôde para evitar perdas civis (…). a nossa preocupação era preservar o máximo de vidas e evitar uma explosão do complexo, o que teria consequências graves. o número de pessoas libertadas é muito mais importante do que o de pessoas que morreram, apesar de lamentarmos essas mortes, dado que eram inocentes”, afirmou fatiha selmane, em entrevista à lusa.

a diplomata referiu que foi a primeira vez que um ataque do género (contra um complexo de gás) ocorreu no país e salientou que o alvo neste caso não era a argélia, mas os estrangeiros que trabalhavam nas empresas que operavam no local, sobretudo ocidentais.

“nunca estamos suficientemente preparados para um terrorista”, considerou, apontando que o país tem, no entanto, uma experiência na luta contra o terrorismo que vem dos anos 1990.

“temos a mesma determinação que tivemos no passado”, referiu a embaixadora, insistindo que “a luta contra o terrorismo não diz respeito apenas à argélia, é um assunto internacional”.

a ameaça terrorista na região do sahel tem sido, segundo a embaixadora, alimentada “pelo armamento abundante que saiu da líbia”, após a queda do regime de muammar kadhafi, em 2011.

“esse armamento foi utilizado no ataque” ao complexo de gás, afirmou, explicando depois que o objetivo inicial do grupo era levar os reféns estrangeiros para o mali e usá-los como moeda de troca.

a diplomata argelina considerou ainda que as fronteiras na região são “permeáveis” e difíceis de controlar devido à sua extensão. “são necessários meios que não temos”, disse, lembrando que a fronteira da argélia com o mali se estende por 1.400 quilómetros.

sobre a intervenção militar francesa no país vizinho, fatiha selmane disse que a argélia privilegia sempre o diálogo político à intervenção armada. “nunca sabemos como vai evoluir um conflito”, indicou, acrescentando: “os diplomatas, em geral, continuam o trabalho dos militares”.

quanto às relações com um outro país vizinho, marrocos, apontado como o rival da argélia na região, a embaixadora disse que se baseiam “no respeito mútuo”.

selmane remeteu a questão do saara ocidental, território anexado por marrocos e cuja independência é apoiada pela argélia, para a onu.

lusa/sol