em bestas do sul selvagem, wallis é hushpuppy, uma criança que vive com o pai (interpretado pelo actor dwight henry) na comunidade de bathtub, isolada do mundo e que corre o risco de se afundar no golfo do méxico. é um universo de fantasia, povoado por criaturas imaginárias, mas onde o foco é a relação entre um pai doente e uma filha que luta pela sua sobrevivência.
o filme, feito quase sem orçamento por um grupo de perfeitos desconhecidos para o mundo da sétima arte, ganhou o prémio do júri no festival de sundance e está agora nomeado para quatro categorias na 85.ª edição dos óscares: melhor filme, melhor realizador, melhor argumento adaptado e, claro, melhor actriz. numa entrevista à revista people, o presidente dos eua, barack obama, disse que achava a película «espectacular».
quvenzhané wallis era uma total desconhecida de cinco anos quando se candidatou ao papel. aliás, teve de mentir pois a idade mínima para concorrer ao casting era seis anos. nunca tinha feito um filme, nem sequer uma pequena participação, apesar de já ter o desejo de representar.
a jovem afro-americana conseguiu sobressair entre quatro mil raparigas, diz-se que pela sua capacidade de leitura, os seus gritos estridentes e arrotos imponentes. «ela impressionou-nos logo na audição. é fascinante vê-la representar», confessa um dos produtores do filme, michael gottwald. já o jornal new york times diz que a heroína do filme, quvenzhané wallis, «tem um sorriso capaz de convencer os peixes a saírem da água, mas ao mesmo tempo é capaz de fazer uma expressão tão assustadora que é capaz de travar monstros».
no total a sua interpretação já soma 29 nomeações a prémios de representação. a imprensa e a crítica especializada, um pouco por todo o mundo, estão rendidas a esta criança sorridente e cheia de energia. reconhecem-lhe aquela ‘faísca’ que faz uma estrela.
quvenzhané wallis nasceu a 28 de agosto de 2003 no louisiana, na cidade de houma, onde vive com os três irmãos e os pais. o seu nome – que hoje leva à loucura todos os que o tentam pronunciar – resulta da junção das primeiras sílabas dos nomes dos pais (a professora qulyndreia e o camionista venjie), sendo que ‘zhané’ significa fada em suaíli.
representar foi uma brincadeira que fez sempre parte da sua vida, mas depois desta experiência quer continuar a fazê-lo de forma profissional – até agora já participou na curta-metragem boneshaker e na longa twelve years a slave. mas wallis não tenciona deixar a escola. até porque adora matemática.
diz que o mais difícil foi «decorar todas as falas» e conciliar as filmagens com os estudos. para tal, teve um tutor durante a rodagem para que não perdesse aulas. já viu o filme nove vezes e, apaixonada por marisco como é, diz que as suas passagens favoritas são aquelas em que a personagem está a comer… marisco.
apesar de ainda ser uma criança que gosta de ver desenhos animados e é fascinada pela disney, wallis também já tem o seu quê de diva de hollywood. numa entrevista recente à vogue, respondeu que a moda é a sua ‘kriptonite’ e apontou nicki minaj, selena gomez e demi lovato como algumas das suas referências de estilo.
é impossível prever se sairá vencedora na noite de 24 de fevereiro, mas há um um título que já ninguém tira a quvenzhané wallis: é a mais nova nomeada de sempre na categoria de melhor actriz. por enquanto a sua grande preocupação é mesmo o que vai vestir e quem vai levar consigo à cerimónia. «provavelmente irei com a minha mãe, mas ainda estou a decidir», contou.