thomati foi confrontado pelo procurador da república, luís eloy, com a leitura da escuta de um telefonema entre o antigo administrador da pt e do taguspark, rui pedro soares, e o seu assessor jurídico paulo penedos, em que o seu apoio ao contrato parece estar garantido. «estamos todos imbuídos do mesmo espírito, até o thomati. deve ter levado uma cacetada», dizia soares.
mas thomati diz não saber de que falava rui pedro soares e garantiu à juíza paula albuquerque, que preside ao julgamento, que para ele «seria «muito difícil continuar numa empresa depois de levar uma cacetada».
no julgamento do caso taguspark, thomati é acusado de corrupção passiva por acto ilícito – juntamente com rui pedro soares e o administrador joão carlos silva – por ter negociado um contrato de 350 mil euros por ano com luís figo, que teria como contrapartida o apoio público do antigo jogador ao ps nas eleições legislativas de 2009.
o tribunal ouviu também joão carlos silva, que garantiu que o contrato feito pela taguspark com figo não era «economicamente insustentável» como refere o despacho de pronúncia. o antigo presidente da rtp defendeu que o encargo deste contrato para a empresa de oeiras não eram os 750 mil euros a três anos avançados pela acusação, mas sim «350 mil euros no primeiro ano». e diz que outro erro deste processo está no facto de a acusação não ter medido o impacto do acordo publicitário, cujo filme promocional chegou a ser exibido em timor, em fevereiro de 2010, segundo adiantou.
joão carlos silva e thomati insistiram também no facto de a taguspark ser uma empresa que sempre se regeu por regras de direito privado, não fazendo sentido a acusação considerá-la uma uma empresa de capitais maioritariamente públicos. desta forma os seus antigos administradores também não deveriam ser acusados de corrupção por acto ilícito, crime que só pode ser imputado a funcionários públicos ou equiparados.
isaltino morais adia testemunho
o presidente da câmara de oeiras, que é accionista principal do taguspark, deveria prestar hoje depoimento como testemunha. mas isaltino morais comunicou ao tribunal que não pode estar presente por se encontrar em viagem de trabalho a moçambique. já o antigo administrador do taguspark, nomeado pela autarquia, vitor castro, não prestou depoimento, tendo enviado um atestado médico indicando que sofre de alzheimer. castro chegou a dizer no processo que não estava a par do contrato com figo, mas tanto thomati como joão carlos silva declararam que não só foi informado como participou nas deliberações, tal como se pode verificas nas actas das reuniões da comissão directiva, assinadas por ele.
penedos quer contar tudo
o ex-assessor jurídico de rui pedro soares na pt – que redigiu os contratos feitos por esta empresa e pelo taguspark com figo penedos – falará durante a tarde. ao sol, garantiu que contará em tribunal toda a verdade, confirmando o teor dos telefonemas que manteve com figuras socialistas, em que se referia ao contrato com figo como uma «coisa pornográfica». «como é óbvio, além de manter o que já disse em fase de inquérito, farei questão de explicara o tribunal em que factos é que eu alicerçava as preocupações que então manifestei, não só a dirigentes do ps como a outras pessoas».
