menezes controla há mais de duas décadas a distrital do psd e o aparelho do partido na região do porto, os quais aprovaram, de imediato e em bloco, o seu desejo de se candidatar. é, por boas e más razões, uma figura conhecida do psd nacional e com apreciável notoriedade política. vem de vários mandatos ganhos com larga maioria na vizinha câmara de gaia. e apresenta-se ao eleitorado com ideias regionalmente apelativas e populares como a de transformar porto e gaia unidos na maior cidade do país.
acontece que o caminho de menezes até ao cimo da avenida dos aliados se complicou, inesperadamente e bastante, nos últimos tempos. começando a tornar difícil e incerto o que ainda há pouco pareciam favas contadas.
primeiro, menezes deparou-se com a oposição dos sectores do psd portuense que apoiaram a presidência camarária de rui rio nos últimos 12 anos. depois, viu o cds local tirar-lhe o tapete e qualquer hipótese de apoio. agora, assistiu ao arranque de uma candidatura – a de rui moreira – que reúne precisamente esses sectores desafectos e que ameaça tirar-lhe uma parcela considerável da sua base eleitoral. acresce que menezes leva consigo o cadastro político de deixar para trás a segunda câmara mais endividada do país, fruto de uma gestão despesista e em tudo oposta ao legado que rui rio deixa no município do porto. finalmente, por via da lei de limitação de mandatos, corre o risco de um juiz de comarca poder ainda vir a considerar irregular a sua candidatura.
é um somatório de contrariedades, já materializadas ou potenciais, que começa a ser respeitável e não negligenciável para as ambições de menezes. o qual pode ver o candidato do ps, manuel pizarro, beneficiar da divisão do eleitorado do centro-direita e tirar-lhe, em cima da meta, uma vitória que parecia segura.
em 2008, após a sua meteórica e desajeitada passagem pela liderança do psd, menezes voltou ao seu bastião de gaia para se recompor. agora, nem esse recurso lhe restará.
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