mas as coisas estavam difíceis. para aliviar o ambiente, carla continuava a partilhar com a irmã um hábito antigo: refeições vegetarianas onde punham a conversa em dia. «quando a minha irmã começou a comer comida vegetariana, ninguém a compreendia, principalmente o nosso pai, beirão e que gosta de comer e beber bem».
sem suspeitar, esta seria a semente do negócio que viria a nascer em junho de 2012. «a minha irmã tinha um problema de estômago e pôs-se a pesquisar e descobriu que era intolerante à lactose. a partir daí, nós começámos a perceber que o que era derivado do leite não lhe fazia bem. e tudo passou a fazer imenso sentido, até para mim», conta.
carla passou a interessar-se pelas medicinas alternativas, tornou-se consultora de feng shui e começou a fazer cursos no instituto macrobiótico, em lisboa. «o projecto do erva teve exactamente a ver com esta parte mais alternativa. falei com o mentor do mercado de fusão no martim moniz. não sei explicar mas fez-se um clique e perguntei-lhe se podia ficar com um quiosque. agora intitulo-me de taberneira. estou atrás do balcão, cheia de nódoas, mas adoro isto!».
foi ela que fez a ementa e pensou a decoração. para quem não conhece, garante que todos os dias há veggie burguers, tostas verdes com espinafre, abacate e queijo, batatas recheadas, além de uma panóplia de sumos naturais, feitos na hora.
com uma clientela ainda novata, decidiu fintar as quebras de inverno com um serviço de entregas ao domicílio: «sentimos a necessidade de irmos ter com as pessoas em vez de elas virem ter connosco. é a primeira vez que existe um restaurante vegetariano a fazer entregas».
mas as ideias de carla não se ficam por aqui. no próximo verão vai estar no festival de música outjazz, em lisboa, com um quiosque só com crepes, salgados e doces, e sumos. «e tenho várias pessoas que querem abrir comigo o restaurante erva».
para quem quer começar, carla deixa um recado: «as pessoas não têm muito bem a noção da realidade e acham que para montarem um negócio precisam de ‘n’ pessoas a trabalhar. nem sempre é assim. aqui sou eu que faço tudo. temos de ser realistas, não temos dinheiro para sustentar ideias, temos mesmo que pôr as mãos na massa e trabalhar».