no último ano, carla deixou o seu emprego de designer de interiores e abriu o primeiro restaurante vegetariano com entregas ao domicílio. sandra, depois de vários estágios que nunca resultaram em emprego, decidiu pôr a sua formação em arquitectura ao serviço de peças de porcelana pintadas a ardósia, com a marca chalks loves you.
pedro jesus, bé nunes, tiago magro e jojo feist apostaram no boteco da linha, um restaurante em são pedro do estoril em que as pessoas comem, sentam-se e andam por cima das pinturas do artista plástico tomás colaço.
rui rodrigues trocou a vida numa agência de publicidade pela agricultura e criou a herança rural. e luís abraçou a criatividade na sua empresa ‘moço de recados’ depois de ter ouvido demasiadas vezes que não havia lugares para criativos nos trabalhos por onde passou.
o desemprego, a quebra no poder de compra, as falências e insolvências, o iva a 23% e o aumento da taxa do irs. a falta de perspectivas e de trabalho. o subsídio de desemprego que não chegava e o ordenado que tardava.
carla, sandra, rui, pedro, bé, tiago, jojo, rui e luís passaram por tudo isso mas não se deixaram abater. decidiram dizer ‘chega!’. chega de estágios não remunerados, de empregos precários, de trabalhos que não trazem realização pessoal nem profissional.
mais: disseram que não queriam deixar o seu país e engrossar as fileiras da emigração que desde 2011 se têm vindo a adensar. contribuíram para as estatísticas que apontam uma taxa de desemprego de 16% (segundo os dados do ine para 2012) e agora querem contrariar a queda de 11,6% (segundo dados do ministério da justiça) na criação de novos negócios. num país onde o que mais se ouve é que ‘não há oportunidades’, eles criaram as suas.
carla contige, 37 anos: de modelo a ‘taberneira’
rui rodrigues, 36 anos: o publicitário que virou agricultor
sandra correia, 25 anos: a arquitecta dedicada à cerâmica
pedro jesus, bê nunes, tiago magro e jojo feist: os meninos da linha