começou com um terreno com oito hectares, fez um estudo de impacto ambiental porque a herdade que comprou no rogil (aljezur) estava dentro de um parque natural, fez um levantamento de fauna e flora, mais outro de taxa de ocupação e a partir daí começou a preparar as áreas de cultivo.
dos oito hectares, três são só para salvaguardar a fauna e flora e os restantes cinco para agricultura: dois de hortícolas, dois de frutícolas e um de uva de mesa e morango. «hoje tenho três colaboradores mas quando comecei, comecei sozinho. perdi 17 quilos em quatro meses!».
o negócio, a que deu o nome herança rural, foi crescendo e rui começou a vender cabazes com os seus produtos biológicos – no início a amigos. «por semana entrego entre 40 e 60 cabazes. mas clientes tenho 120!», e tudo em apenas um ano. mesmo assim, acredita que continua a comer-se mal em portugal porque as pessoas continuam a preferir ir ao supermercado comprar coisas que não são da época e que vêm de fora a comprarem «o que é nosso, o que é bom e o que é apanhado no dia antes».
«não faço os cabazes ao quilo porque o conceito de quilo no biológico não faz sentido nenhum. mas consigo ter, no mínimo, 13 legumes diferentes por semana». o sucesso está comprovado. rui está no rogil, de terça-feira a sábado, onde apanha os legumes que distribui em lisboa – e arredores – ao domingo e à segunda-feira. os preços variam entre 10 e 20 euros. «o meu cabaz de 20 euros dá perfeitamente para quatro pessoas comerem durante uma semana».
e acrescenta: «temos que fazer um refresh à nossa mentalidade, à nossa postura, à nossa maneira de estar na vida. uma couve sabe bem no inverno, um feijão verde sabe bem no verão… isto tem tudo a ver com fazermos uma alimentação saudável, sem enganar as próprias plantas», conclui.
para o futuro, planeia construir um ecoturismo mas até ao final do verão está envolvido no processo de exportação de 240 toneladas de abóbora e 100 toneladas de batata doce para alemanha, espanha, itália e frança. «e não houve um único banco que me ajudasse, fundos comunitários, apoios da câmara ou da junta. nada».