só no ano passado, os museus e monumentos da direcção-geral do património cultural (igespar) registaram menos 65 mil entradas face a 2011. a esta perda correspondeu uma quebra de receita na ordem dos 13%, isto é, 1,1 milhões de euros.
perante este cenário preocupante, um português, nuno alves, de 37 anos, e um britânico, jason pascoe, a caminho dos 40, decidiram criar a aplicação móvel guia & jogo (ler caixa) para o museu nacional dos coches. objectivo: aumentar o número de visitantes, mas também proporcionar uma experiência mais recompensadora.
«lançámos a plataforma em dezembro, por isso ainda é cedo para saber se o museu conseguiu mais visitantes, mas o feedback que tivemos, o número de downloads, o rating na app store e o acompanhamento que temos vindo a fazer demonstram claramente que a experiência da visita sai enriquecida. além disso, o público tem revelado que gostaria de regressar, caso surjam novos conteúdos», explica nuno alves, que até setembro era market researcher na sonae sierra, a empresa especialista em centros comerciais.
este foi o primeiro produto da start-up exciting space, criada em maio de 2012, em lisboa, pelos dois amigos. nuno e jason conheceram-se na universidade do minho há oito anos. natural de braga, nuno estava a tirar uma pós-graduação em economia enquanto jason integrava a equipa académica de um projecto de investigação no departamento de mobilidade. a dupla de criativos jamais suspeitaria que a carreira profissional iria singrar a 400 quilómetros de distância.
sem recurso a crédito bancário ou investimentos externos, os dois empreendedores desenharam a fórmula mágica que permite integrar monumentos, galerias de arte ou até jardins, festivais de música e cidades em programas digitais e interactivos no momento da visita: «através de smartphones ou tablets é possível explorar o espaço e aprender novos conteúdos de uma forma divertida», sublinha nuno alves, licenciado em economia e gestor da empresa. entretanto, a equipa mudou-se para a capital e instalou-se na incubadora start-up lisboa: «o jason faz a programação e a a nádia é a nossa designer. temos ainda um quarto elemento que colabora connosco na área da animação, a elle kleiven», acrescenta o mentor do projecto.
brasil e singapura
até ao final do ano, os dois fundadores da exciting space prevêem vender quatro projectos, num volume de facturação de 125 mil euros, e criar três postos de trabalho. a incerteza quanto ao futuro da economia nacional levou-os a orientar o negócio para o mercado externo. é por isso que nuno e jason já estão a trabalhar numa aplicação móvel para identificar a flora do reino unido: «vai ser um guia didáctico e gratuito, desta vez dirigido ao consumidor final. mas também poderá ser costumizado e vendido a parques naturais, à imagem da aplicação que desenvolvemos para o museu dos coches». a alemanha é o próximo destino a explorar. e em 2014 a dupla luso-britânica quer entrar no brasil e singapura. «são mercados onde a tecnologia penetra facilmente».