há muitos anos, dois colegas de curso no instituto superior técnico, em lisboa, começaram uma amizade que se foi reforçando até aos nossos dias. curiosamente, ambos se vieram a dedicar, de corpo e alma, à produção de vinhos em nome próprio. luís pato, na bairrada, e josé bento dos santos, em alenquer, foram gradualmente ganhando notoriedade com as suas produções.
o primeiro foi-se tornando famoso pela paixão e luta que sempre colocou na defesa da sua casta preferida, a baga. quanto ao segundo, tornou-se um incondicional admirador da casta touriga nacional. pode dizer-se que, apesar da sua grande amizade, escolheram caminhos (castas) diferentes para dar corpo à sua outra paixão: o vinho.
décadas depois da sua passagem pela faculdade, num gesto de saudade e até mesmo de emoção, resolveram prestar um tributo à sua grande amizade da forma que melhor sabiam: produzir, em comum, um vinho. luís pato, no seu solo argilo-calcário da bairrada, foi à vinha velha da barrosa (com mais de 90 anos) buscar a baga. josé bento dos santos foi à sua quinta (também de solos argilo-calcários) tirar, não a touriga nacional que sempre o apaixonou, mas a tinta roriz. juntaram 45% de cada uma destas castas e verificaram que um toque de syrah (10%) era ouro sobre azul para arredondar o conjunto. foi assim que nasceu o pato d’oiro, com a baga a estagiar 12 meses em pipos novos e usados de carvalho allier e a tinta roriz e syrah a estagiar 14 meses em barricas de carvalho francês, das quais 35% eram novas. foi engarrafado há dois meses e para o mercado virão 1.600 garrafas de um vinho que se mostra muito gastronómico.
por brincadeira, dizem que juntaram os vinhos vinha barrosa 2010 (luís pato) e tempera 2010 (josé bento dos santos), mas o que eles não escondem é que este pato d’oiro, além de um grande vinho é também (e para eles acima de tudo) um símbolo da sua grande amizade. brindemos com eles.
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