os dados constam do relatório “o impacto da crise europeia” que, numa primeira análise, dava conta que a taxa de pobreza infantil, em portugal, chegava aos 22,4% em 2010, acima da média da união europeia a 25 (20,5%).
o relatório da cáritas europa analisou o impacto da crise económica e das medidas políticas para a enfrentar, em particular nos cinco países mais severamente afectados: grécia, irlanda, itália, portugal e espanha.
aqueles valores foram entretanto actualizados e a cáritas revelou entretanto, com base nos dados do eurostat, que o risco de pobreza infantil em portugal aumentou para os 28,6% em 2011, mais uma vez acima da ue25 que está nos 27%.
tendo por base informação do instituto nacional de estatísticas (ine) que diz existirem em portugal 2. 202.509 crianças (dos 0 aos 18 anos), e estando a taxa de risco de pobreza infantil nos 28,6%, isso significa que existem 577.865 crianças em risco de pobreza ou exclusão social.
em conferência de imprensa, o secretário-geral da cáritas europa apontou que a pobreza está a aumentar em todos os países onde foi realizado o estudo e que o reflexo disso está na pobreza infantil e no desemprego jovem.
“a pobreza infantil está sempre ligada à pobreza das famílias e como cada vez mais famílias pedem ajuda à cáritas, significa que isto está a converter-se numa situação estrutural, o pior da crise não passou, o pior da crise ainda está para chegar”, alertou jorge nuno mayer.
na opinião do responsável, é necessário uma convergência das políticas sociais e económicas e pediu que a união europeia tenha consciência que quando toma decisões económicas, elas têm repercussões nas pessoas.
“não se pode pedir tanta austeridade quando a austeridade está a ser suportada pelas costas de pessoas que já não aguentam mais e um exemplo está nos pensionistas portugueses que agora têm menos recursos porque lhes cortaram as reformas”, apontou.
por outro lado, chamou a atenção para o facto de muitos desses pensionistas estarem agora a sustentar três gerações de pessoas (avós, filhos e netos) por causa do aumento do desemprego, lembrando que quando se cortam as pensões, não é só o avô que deixa de comer, mas toda a família.
o presidente da cáritas portugal, por seu lado, deu conta das reuniões que teve hoje com os ministros da solidariedade e segurança social e da economia, tendo ficado acertado com pedro mota soares o arranque de experiências piloto para uma maior relação entre o atendimento nas paróquias e os atendimentos na segurança social.
eugénio fonseca disse que voltou a defender a necessidade de constituir um observatório social nacional para acabar com os dados estatísticos com “meses e meses de atraso”.
já com o ministro da economia, o responsável da cáritas nacional divulgou o levantamento que está a ser feito sobre as oportunidades de negócio para desempregados e pediu a álvaro santos pereira que se comprometa com uma “plataforma de comercialização para viabilizar os negócios suscitados por essas microiniciativas de emprego”.
“o que mais nos preocupa é que a situação actual se torne normal e já não seja notícia amanhã que há tanta pobreza infantil ou desemprego jovem porque ao não ser notícia vai deixar de ser preocupação política e isso vai romper com a sociedade”, rematou o secretário-geral da cáritas europa, jorge nuno mayer.
lusa/sol