numa altura em que, mais do que nunca, os criadores portugueses procuram lutar contra a adversidade de um mercado em crise e, desde sempre, pouco consumidor do que é nacional, notou-se um certo agrilhoamento do rasgo criativo na passerelle da modalisboa. mas houve, ainda assim, colecções que se destacaram.
foi o caso de luís buchinho que, no momento que o país atravessa, apresentou uma colecção – a mesma que já havia mostrado em paris há cerca de duas semanas – onde símbolos da identidade portuguesa e da revolução do 25 de abril, como os cravos, as metralhadoras e os cartazes políticos, foram reinterpretados numa linguagem mais gráfica.
pedro pedro levou à passerelle as suas ‘proud rebels’, um conceito inspirado nas famílias de índios norte-americanos e no seu vestuário minimalista. o resultado foi uma colecção entre o tribal e o ocidental, cheia de contrastes, como quase sempre é o trabalho deste criador.
de seguida alexandra moura ‘brincou’ com o número 4 e o quadrado, para levar à passerelle uma colecção de silhuetas rectas, por vezes até austeras, onde os materiais prevalecem sobre as formas. as propostas femininas e masculinas conviveram em perfeito equilíbrio na mais consistente colecção de alexandra moura dos últimos anos, numa simplicidade que se revelou emocionante.
já na recta final, nuno baltazar, inspirado no filme orlando, fez um trabalho renovado ao nível da modelagem e dos volumes e, pela primeira vez em muitos anos, não apresentou vestidos compridos, o que conferiu alguma surpresa (necessária!) à colecção apresentada.
este domingo chega ao fim mais uma edição da modalisboa. é altura de balanços e de pensar no futuro.